A extensão do gelo marinho do Ártico tem diminuído constantemente. Entre 1979 e 2020 perdeu o equivalente a seis vezes o tamanho da Alemanha, de acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira.
Por Redação, com ABr - de Bruxelas
O nível dos oceanos continua a subir em ritmo alarmante de 3,1 milímetros (mm) por ano, devido ao aquecimento global e ao derretimento do gelo na Terra, informou nesta quarta-feira o Serviço de Monitoramento do Meio Marinho do programa Copernicus. A extensão do gelo marinho do Ártico tem diminuído constantemente. Entre 1979 e 2020 perdeu o equivalente a seis vezes o tamanho da Alemanha, de acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira. A extrema variação entre períodos de frio e ondas de calor no Mar do Norte está relacionada com mudanças na captura de linguado, lagosta europeia, robalo, salmonete e caranguejos. A poluição causada pelas atividades em terra, como a agricultura e a indústria, tem impacto nos ecossistemas marinhos, reforçaram os especialistas na quinta edição do relatório sobre o estado dos oceanos. O aquecimento dos oceanos e o aumento de salinidade intensificaram-se no Mediterrâneo na última década. "Estima-se que o aquecimento do Oceano Ártico contribua com quase 4% para o aquecimento global dos oceanos", diz o relatório. Mais de 150 cientistas, de cerca de 30 instituições europeias, colaboraram no trabalho. De acordo com as conclusões, o oceano passa por "mudanças sem precedentes", o que terá enorme impacto no bem-estar humano e nos ambientes marinhos. "As temperaturas da superfície e subsuperfície do mar aumentam em todo o mundo e os níveis do mar continuam a subir a taxas alarmantes: 2,5 mm por ano no Mediterrâneo e até 3,1 mm por ano globalmente", afirmaram os peritos. O documento é apresentado como uma referência para a comunidade científica, líderes mundiais e o público em geral. A combinação desses fatores pode causar "eventos extremos" em áreas mais vulneráveis, como Veneza, onde em 2019 uma subida do nível das águas fora do comum, uma forte maré e condições climáticas extremas na região provocaram a chamada Acqua Alta - quando o nível da água subiu para um máximo de 1,89 metros. "Esse foi o nível de água mais alto registado desde 1966 e mais de 50% da cidade foram inundados", lembram os autores do documento. Os cientistas explicaram que a poluição por nutrientes oriundos de atividades terrestres, como a agricultura e a indústria, tem "efeito devastador na qualidade da água" do oceano.