Por razões mais ideológicas, e também por motivos mercenários, como os R$ 40 milhões em recursos do governo para publicidade e merchandising, a mídia poupa o abutre Paulo Guedes, o superministro da Economia, e o imbecil confesso que ocupa a presidência da República.
Por Altamiro Borges - de São Paulo
Focada na aprovação do golpe contra as aposentadorias, a mídia rentista tem evitado criar pânico no noticiário sobre o agravamento da crise econômica brasileira. Mesmo os veículos que discordam do autoritarismo político e do obscurantismo nos costumes de Jair Bolsonaro estão unidos na defesa da sua agenda ultra neoliberal, que tem como tarefa imediata a contrarreforma da Previdência. Por razões mais ideológicas, e também por motivos mercenários, como os R$ 40 milhões em recursos do governo para publicidade e merchandising, a mídia poupa o abutre Paulo Guedes, o superministro da Economia, e o imbecil confesso que ocupa a presidência da República. Já a imprensa internacional emite sinais mais alarmantes sobre o Brasil. O jornalista Olímpio Cruz tem monitorado a cobertura no mundo e produzido resumos sobre esse noticiário. Na sexta-feira passada, por exemplo, ele registrou que “a queda do PIB é destaque na mídia estrangeira. O inglês Financial Times dá em manchete: ‘PIB do Brasil encolhe e alimenta temor de recessão’. E descreve a queda da economia brasileira como ‘um golpe para Bolsonaro’. O jornal diz que o país tem 13 milhões de desempregados e que a pobreza aumentou” e destaca: ‘55 milhões, um quarto da população, agora vivem abaixo da linha da pobreza contra 52 milhões”, dois anos antes”. Já à agência inglesa de notícias Reuters distribuiu para milhares de veículos no planeta que “a economia do país flerta com outra recessão” e lembra que o Brasil teve recuo de sua atividade econômica cinco vezes nos últimos 20 anos. “A última vez foi 2015-16, uma das piores recessões da história do país. A recuperação desde então é a mais fraca já registrada”. Por sua vez, a edição da The Economist aponta que as três maiores economias da América Latina, Brasil, México e Argentina, estão estagnadas. Em outra reportagem, a mesma revista inglesa descreve as relações promíscuas de Jair Bolsonaro com as milícias, “as máfias dirigidas por policiais desonestos”. Outro artigo alarmante foi publicado no estadunidense Wall Street Journal, que ressaltou a queda na confiança do setor privado, “insatisfeito com o ritmo do governo em fazer mudanças”. Segundo o diário, “investidores e empresas começam a pensar que 2019 será um ano perdido”. No mesmo rumo, a publicação financeira francesa Les Échos destaca que o “Brasil perde sua aura aos olhos dos investidores estrangeiros” e que “diversas multinacionais decidiram deixar o país”. E a agência Bloomberg decreta: “Desiludidos e desapontados, economistas repensam o futuro do Brasil”.Altamiro Borges, é jornalista.
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