Primeiro filme do ator, Marighella recebeu os aplausos do público em diferentes países. Foi aclamado, de pé, no Festival de Berlim de 2019. No Brasil, somente agora conseguiu superar as barreiras impostas pela Agência Nacional de Cinema (Ancine); além da pandemia da covid-19.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Ator e diretor do filme Marighella, Wagner Moura não poupa críticas ao governo do mandatário neofascista Jair Bolsonaro (sem partido). Às vésperas da obra chegar às telas dos cinemas em todo o país, nesta quinta-feira, Moura criticou ações de governo que ele classifica como ‘terrorismo’. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, o diretor revelou detalhes do filme que, há cerca de dois anos, vem enfrentando perseguição política para ser exibido, no Brasil.
— Os acusados de terroristas são os pobres, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Black Lives Matter, e isso sempre me incomodou. Mas 600 mil de mortos por covid é terrorismo, 19 milhões de pessoas passando fome, a Amazônia pegando fogo, o ministro da Economia que tem uma conta offshore enquanto o povo paga imposto alto é terrorismo — ressaltou.
Sem medo
Primeiro filme do ator, Marighella recebeu os aplausos do público em diferentes países. Foi aclamado, de pé, no Festival de Berlim de 2019. No Brasil, somente agora conseguiu superar as barreiras impostas pela Agência Nacional de Cinema (Ancine); além da pandemia da covid-19.
Questionado quanto à perseguição política por causa de seu trabalho, em especial, pelo filme sobre o militante comunista que lutou contra os governos da ditadura militar no Brasil, Moura nega ter sentido o menor traço de medo.
— Eu não tenho medo dessa gente, são covardes. Fazer um filme sobre Marighella no Brasil faz parte de um movimento contra o fascismo do qual me orgulho de participar — pontuou.
Guerrilheiro
Protagonista do filme, o cantor Seu Jorge interpreta o guerrilheiro urbano Carlos Marighella, um dos principais heróis na luta contra a ditadura militar instalada em 1964, que chegou a um novo estágio em 1985. Seus efeitos, no entanto, permanecem até hoje na sociedade brasileira.
Marighella foi morto em novembro de 1969 numa emboscada por agentes da ditadura, em São Paulo. O ativista chegou a ser considerado inimigo número um do regime ditatorial. O governo brasileiro ainda não se manifestou, até agora, sobre a estreia do filme.
Ao custo de R$ 10 milhões, um orçamento considerado baixo para o setor, a produção acompanha os últimos cinco anos de vida do guerrilheiro, do golpe militar de 1964 ao seu assassinato, em 1969. No elenco; além de Seu Jorge no papel principal, participaram também Bruno Gagliasso, Adriana Esteves e Humberto Carrão.