As tensões na região atingiram seu ponto mais alto nas últimas semanas. No dia 23 deste mês, a Alta Autoridade de Comunicações do Mali anunciou a suspensão definitiva dos meios de comunicação internacionais financiados pelo Estado francês.
Por Redação, com Sputnik - de Bamako
Autoridades do Mali acusaram o Exército francês de violar repetidamente o espaço aéreo do país para "espionar" suas forças.
Em mais um episódio da recente escalada de tensões na intervenção francesa no Mali, o governo do país africano disse que mais de 50 violações de seu espaço aéreo foram registradas desde o início do ano.
Segundo informações da agência inglesa de notícias Reuters, a maioria das aeronaves eram operadas pelos militares da França.
Uma violação recente detectou o voo "ilegal" de um drone, em 20 de abril, sobre a base militar de Gossi. As aeronaves francesas voaram de um lado para o outro sobre um comboio de tropas malianas.
Tropas da França
O incidente acontece um dia depois que a França devolveu o local ao Mali como parte da retirada de suas tropas.
O Exército francês está no Mali desde 2013 "para repelir militantes ligados" ao terrorismo, segundo afirma Paris.
As tensões na região atingiram seu ponto mais alto nas últimas semanas. No dia 23 deste mês, a Alta Autoridade de Comunicações do Mali anunciou a suspensão definitiva dos meios de comunicação internacionais financiados pelo Estado francês.
A junta que governa o país africano havia suspendido inicialmente as mídias em março, justificando que a imprensa francesa produzia alegações falsas de abusos do Exército de Mali.
Na semana passada, imagens de drones mostram soldados perto de Gossi cobrindo cadáveres com areia. Houve trocas de acusações sobre o incidente: Mali acusou os franceses; a França disse que "eram mercenários russos".
Exército do maliano
O Exército do maliano, entretanto, disse que seus soldados descobriram uma vala comum perto de Gossi depois de assumir a base, e que o "estado putrefato dos corpos mostra que os assassinatos ocorreram muito antes".
"As forças francesas são culpadas de subversão ao publicar imagens falsas montadas para acusar o (Exército maliano) de matar civis", disse o governo do país africano em comunicado na terça-feira.
Esta não é a primeira vez que o Mali acusa a França de espionagem militar. Em fevereiro, o governo maliano disse que as ações de Paris tornaram mais fácil a atividade terrorista no país africano, e que os franceses espionaram bases militares.
– Os militares da França dividiram deliberadamente o Mali e realizaram espionagem durante sua luta contra militantes islamistas – declarou, na ocasião, Choguel Maiga, primeiro-ministro do país africano, citado pela agência Reuters.
Segundo ele, a chegada das tropas francesas em 2013 não só dividiu o país, como permitiu que os jihadistas ligados à Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) se reagrupassem e continuassem realizando ataques.