O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, voltou a alertar a população para "tempos difíceis" durante uma reunião do Partido dos Trabalhadores nesta sexta-feira, informou a agência sul-coreana Yonhap com base em uma tradução da TV estatal norte-coreana "KCNA".
Por Redação, com ANSA - de Seul
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, voltou a alertar a população para "tempos difíceis" durante uma reunião do Partido dos Trabalhadores nesta sexta-feira, informou a agência sul-coreana Yonhap com base em uma tradução da TV estatal norte-coreana "KCNA".
O líder chegou a citar, pela primeira vez desde que está no poder, a "Marcha Árdua", o período de grande fome e extrema pobreza vivido pela Coreia do Norte no início da década de 1990 com o fim da União Soviética. Estima-se que cerca de três milhões de pessoas morreram de fome naquela época.
– Decidi pedir às organizações do partido em todos os níveis, incluindo seu Comitê Central e aos secretários, para travarmos outra 'Marcha Árdua' mais difícil para aliviar o nosso povo da dificuldade – disse aos políticos.
Segundo analistas consultados pela Yonhap, a referência ao período tenebroso da história da Coreia do Norte também tem a ver com uma tentativa de intensificar a disciplina dos membros da sigla política por conta do longo tempo que muitas deles precisam conviver com as sanções impostas por países ocidentais.
Há dois dias, Kim havia afirmado durante a abertura das reuniões do Partido dos Trabalhadores que a Coreia do Norte "vive a pior situação de todos os tempos". Já há alguns meses, o ditador havia reconhecido que "fracassou" na meta de desenvolver o país economicamente.
As falas de Kim
As falas de Kim já são reflexos do isolamento ainda maior que a nação vive por conta da pandemia de covid-19. A China, a maior aliada do governo ditatorial, reduziu as exportações também por conta da crise sanitária.
Um relatório divulgado no mês passado pelo representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos na Coreia do Norte, Tomas Ojea-Quintana, revelou que o controle por conta da pandemia "espalhou a insegurança alimentar" pelo país.
Dizendo que "mesmo que a vida na Coreia do Norte não seja nunca fácil", o ano de 2020 "foi especialmente sombrio" para os moradores. Ainda conforme o documento, o governo chegou a executar pessoas que saíam de suas casas, "furando" a quarentena anticovid, para comprar comida.