Ainda no primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego dos brasileiros entre 14 e 17 anos era de 36,4% – ou seja, mais de um terço dessa população estava sem emprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para aqueles entre 18 e 24 anos, as taxas caem um pouco, para 22,8%.
Por Redação, com OESP - de São Paulo
Ao longo da última década, mais de 2,2 milhões de desempregados foram acrescidos apenas nas duas pontas mais sensíveis do mercado de trabalho, entre jovens e profissionais acima de 50 anos. No levantamento realizado pela jornalista Renée Pereira, do diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo (OESP) e divulgado nesta segunda-feira, a geração mais nova, entre 18 e 24 anos, tem um em cada quatro jovens desocupado no país.
No outro extremo, cerca 880 mil pessoas acima de 50 anos perderam o emprego no período. No total, são 7,6 milhões de desempregados nas faixas de idade, de 14 a 29 anos e no chamado 50+, segundo dados compilados pela consultoria IDados.
“Hoje essas duas gerações são as que mais têm dificuldade para conseguir emprego. O que sobra para um falta para o outro. A mais nova, apesar de ser antenada e tecnológica, não tem a experiência que as empresas pedem. Os sêniores, por outro lado, têm a experiência e a vivência de trabalho, mas sofrem com o preconceito em relação ao potencial para acompanhar as inovações do mercado e por, supostamente, serem menos flexíveis”, relata.
Recolocação
Ainda no primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego dos brasileiros entre 14 e 17 anos era de 36,4% – ou seja, mais de um terço dessa população estava sem emprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para aqueles entre 18 e 24 anos, as taxas caem um pouco, para 22,8%. Entre os mais velhos esse percentual é bem menor, em torno de 7%, mas dobrou nos últimos dez anos.
“Em 2012, segundo o IDados, o número de desempregados acima de 50 anos era de 508,9 mil pessoas. Hoje eles são 1,4 milhão de pessoas em busca de uma recolocação. A expectativa é que esse grupo continue subindo nos próximos anos por causa das mudanças nas regras da Previdência Social, diz o pesquisador da consultoria Bruno Ottoni. Com o aumento da faixa etária para se aposentar (62 anos para mulheres e 65 anos para homens), as pessoas vão precisar ficar mais tempo no mercado de trabalho”, acrescenta.
Apesar de a taxa de desemprego desse grupo ser menor comparada à média nacional de 11%, os números escondem uma situação complicada. Sem oportunidades, muitos desses trabalhadores desistem de buscar trabalho, vivem na informalidade ou tentam o empreendedorismo. Há também os chamados “nem nem nem”, aqueles que não trabalham, não buscam emprego e não são aposentados.
Experiência
A gerente Sênior da Catho, Bianca Machado, disse à reportagem do OESP que esses profissionais sofrem com o etarismo. Existe a crença de que os profissionais mais velhos não conseguem acompanhar a evolução tecnológica. Por isso, diz ela, os recrutadores têm receio de contratar esses trabalhadores, mesmo eles tendo experiência e muito a agregar.
— Pessoas mais experientes podem querer continuar trabalhando por terem necessidades financeiras, mas também por se sentirem ativas e desejarem continuar dando suas contribuições para o mercado de trabalho — acrescentou.
Machado relata, ainda, que há um movimento, ainda tímido, para criar programas e iniciativas que estimulem a contratação desse grupo de pessoas. O objetivo é dar suporte, desenvolver carreiras e aprimorar a cultura de diversidade. O grupo Elfa, empresa de soluções e serviços logísticos de saúde, criou no ano passado o programa ‘Talento Sênior’ para atrair e engajar profissionais com 50 anos ou mais. Hoje a média de idade na companhia é de 27 anos.
O primeiro ano do programa teve mais de 1 mil inscrições para oito vagas.
— É um processo que exige uma certa experiência — resumiu o diretor de Gente e Gestão da empresa, Fred Lopes.