Assessores graduados do presidente brasileiro também têm dito, nos bastidores, que os países manterão um diálogo cordial e lembram da relação de Lula com o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também do Partido Republicano.
Por Redação – de Brasília
Para a representação da diplomacia brasileira, a relação pragmática com os Estados Unidos durante o mandato do presidente eleito Donald Trump, que toma posse no próximo dia 20, permanece a mesma. Ministro das Relações Exteriores (MRE), o embaixador Mauro Vieira define a tese e aposta que as divergências ideológicas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Trump serão sempre menores do que os interesses comerciais e culturais de ambas as nações.

— As relações Brasil-EUA vão ser sempre ótimas, como sempre foram. São relações de Estado. O presidente Lula mesmo já teve as melhores relações possíveis com o Bush, como todos os outros. Os interesses dos Estados são sempre maiores — afirmou Vieira, nesta manhã, à mídia conservadora.
Assessores graduados do presidente brasileiro também têm dito, nos bastidores, que os países manterão um diálogo cordial e lembram da relação de Lula com o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, também do Partido Republicano. Durante a Presidência, Bush visitou o Brasil em duas oportunidades, apesar da posição brasileira contra a guerra do Iraque. O ex-chanceler Celso Amorim, atual assessor de Lula, também destaca, em seus livros, a boa relação entre os governos.
Política
O cenário internacional, no entanto, mudou significativamente desde 2009, e o Partido Republicano, agora sob a liderança de Trump, adotou uma posição mais isolacionista, principalmente nas questões de política externa. Trump, eleito para seu segundo mandato, não contou com o apoio de Bush nas disputas presidenciais, refletindo o distanciamento dentro da legenda. Durante o governo de Michel Temer (MDB), o então presidente dos EUA manteve-se equidistante, especialmente em relação às questões da América Latina, com foco nas crises migratórias de Venezuela e Nicarágua.
Com a eleição de Jair Bolsonaro (PL), houve uma aproximação entre os governos, e Trump designou o Brasil como “aliado extra-Otan”, o que possibilita uma série de acordos militares e econômicos com os Estados Unidos.
Tributação
Em dezembro, após ser eleito, Trump ameaçou taxar produtos brasileiros e criticou a tributação no país.
— O Brasil cobra muito. Se eles querem nos cobrar, tudo bem, mas vamos cobrar a mesma coisa — ameaçou.
Lula sequer foi convidado para a posse de Trump, embora Bolsonaro e seus aliados também tenham recebido convites enviesados. Parlamentares bolsonaristas, contudo, são esperados na cerimônia de posse do presidente eleito. Trump, porém, encaminhou convites especiais a outros líderes da extrema-direita, como Javier Milei, da Argentina, e Giorgia Meloni, da Itália.
Diálogo
Lula, por sua vez, adota um tom conciliatório em suas declarações e chegou a parabenizar Trump pela vitória.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à Presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade”, afirmou Lula em suas redes sociais.
No curto espaço de tempo, todavia, o governo brasileiro prevê que as discussões sobre a regulação das rede sociais podem gerar atritos com os norte-americanos. O alinhamento das ‘big techs’ com a agenda do presidente eleito levanta questões sensíveis para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que antecipa um retrocesso no combate à disseminação das notícias falsas (fake news).