Basicamente, os fios do implante se retraíram no cérebro, após algumas semanas da cirurgia. Com isso, o número de eletrodos (sensores) funcionais para a leitura da atividade neuronal foi reduzido.
Por Redação, com Canaltech – de Washington
O primeiro paciente do mundo a conviver com um implante cerebral da Neuralink acumula feitos, como controlar o cursor do mouse e ainda jogar videogame ou partidas de xadrez com o poder da mente. Apesar do sucesso, o chip da empresa cofundada por Elon Musk deu um defeito inesperado, segundo anúncio divulgado na quarta-feira. No entanto, o problema já foi corrigido e, aparentemente, tudo foi feito sem colocar em risco a saúde (ou o cérebro) de Noland Arbaugh, de 29 anos.
Basicamente, os fios do implante se retraíram no cérebro, após algumas semanas da cirurgia. Com isso, o número de eletrodos (sensores) funcionais para a leitura da atividade neuronal foi reduzido. Para corrigir a falha, foram feitas correções no software para que ficasse mais sensível aos sinais neuronais.
Como o uso do chip da Neuralink no cérebro humano ainda é algo experimental, intercorrências podem ocorrer. Inclusive, problemas não esperados durante os testes pré-clínicos, com animais, podem surgir ou mesmo casos de infecções. Por isso, o uso do implante é restrito e não deve ser comercializado tão cedo.
Defeito no chip do Elon Musk
Apesar do problema relatado, a Neuralink não especifica se o paciente tetraplégico teve problemas envolvendo o uso do implante cerebral por causa do defeito e das falhas. Por outro lado, a companhia destaca que o dispositivo é usado com bastante frequência por Noland.
“Durante a semana, Noland contribui em sessões de pesquisa por até 8 horas por dia. Nos finais de semana, o uso pessoal e recreação pode ultrapassar 10 horas diárias. Recentemente, ele usou o aparelho por um total de 69 horas em uma única semana”, afirma o comunicado.
Corrigindo o problema no chip cerebral
Após identificar o defeito, marcado pela retração dos fios, a equipe da Neuralink começou a trabalhar. “Em resposta a essa mudança, modificamos o algoritmo de gravação para ser mais sensível aos sinais da população neural, melhoramos as técnicas para traduzir esses sinais em movimentos do cursor e aprimoramos a interface do usuário”, detalha a equipe. Assim, as funcionalidades iniciais foram recuperadas.
O que causou o defeito no implante cerebral?
Para o site de notícias Bloomberg, Eric Leuthardt, neurocirurgião da Escola de Medicina da Universidade de Washington, sugere que o defeito envolvendo o chip de Musk tenha ocorrido pelo próprio comportamento do cérebro. Leuthardt não tem ligação direta com a Neuralink.
– Uma coisa que os engenheiros e cientistas não conseguem avaliar é o quanto o cérebro se move dentro do espaço intracraniano – afirma o especialista. “Apenas balançar a cabeça ou movê-la, de forma abrupta, pode causar perturbações de vários milímetros”, acrescenta. Esse movimento pode ter afetado negativamente o implante e os fios, comprometendo a leitura.
Futuro do implante cerebral da Neuralink
No momento, a Neuralink busca ampliar o número de pacientes durante os testes com o chip cerebral. Embora o defeito tenha sido corrigido, com aparente sucesso, a questão pode atrasar o estudo clínico em andamento. Até o momento, a Food and Drug Administration (FDA), agência norte-americana responsável pela autorização da pesquisa, não se pronunciou sobre o caso.