No total, os estudantes têm cinco eixos de demandas: contratação de professores, aumento de auxílio para permanência estudantil, melhorias estruturais na USP Leste (reitoria anunciou a construção de uma creche na unidade), promoção de vestibular indígena e valorização dos direitos estudantis.
Por Redação, com Brasil de Fato - de São Paulo
Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) rejeitaram a proposta da reitoria e decidiram manter a greve, iniciada em 18 de setembro, na noite de segunda-feira, em assembleia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
A proposta feita pela reitoria não contemplou as demandas dos estudantes. Eles pedem a contratação de 1.683 professores para garantir a viabilidade de certas disciplinas.
“Alguns cursos da USP correm o risco de serem extintos por falta de professores e funcionários, como os cursos de Letras-Coreano, Editoração, Formação de atores e Pedagogia RP [Ribeirão Preto]. Pela contração urgente de docentes e técnicos-administrativos em regime de dedicação integral para que estudantes possam se formar e pela reposição do quadro de docentes defasado a partir de 2014”, afirmam os estudantes no perfil do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Livre da USP Alexandre Vannucchi Leme.
No dia 4 de outubro, a USP anunciou 148 novas vagas para contratação de professores, em 45 dias, somando-se às 879 que já tinham sido aprovadas. O anúncio de contratação de professores dividiu os alunos.
Na última sexta, estudantes da Escola Politécnica da USP decidiram o fim da greve na unidade. Por outro lado, integrantes da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), que também estão em greve, decidiram seguir paralisados até esta terça-feira, quando mais uma reunião dos estudantes com a reitora foi realizada.
Cinco eixos de demandas
No total, os estudantes têm cinco eixos de demandas: contratação de professores, aumento de auxílio para permanência estudantil, melhorias estruturais na USP Leste (reitoria anunciou a construção de uma creche na unidade), promoção de vestibular indígena e valorização dos direitos estudantis.
No tocante à contratação de novos docentes, os alunos pedem o retorno do chamado “gatilho automático”, que é a reposição automática de professores em caso de morte, exoneração ou aposentadoria. Hoje, não há essa contratação automática. A reitora propôs a volta do gatilho durante o período da gestão atual, que termina em 2025. Mas os estudantes propõem o retorno permanente.
“O gatilho automático garantia a reposição imediata de professores que se aposentassem ou falecessem. Sem essa medida a USP teve um declínio no quadro de docentes com um aumento de estudantes, chegando a um déficit de mais de mil professores e afetando diretamente o ensino, pesquisa extensão”, afirmam os estudantes.
A mobilização
O movimento publicou uma carta sobre a mobilização na qual pedem diálogo e abertura às demandas dos alunos. Também apelam para que os grevistas não sejam responsabilizados. "Reiteramos importância de que alunos não sejam responsabilizados ou repreendidos por um movimento legítimo que construímos”, afirmam.
“A greve é uma ferramenta legítima de reivindicação para arrancar as nossas conquistas, tendo sido amplamente aprovada pelos estudantes nos cursos e institutos da USP. Não aceitamos intimidações aos estudantes, como contagem de falta, aulas online entrega de provas e trabalhos. Que ao final da greve a reitoria e as comissões de graduação elabore junto ao corpo estudantil um plano de reposição das aulas.”
Uma nova assembleia geral deve ser realizada nesta terça-feira, após a reunião com a reitoria. Os estudantes estão em greve desde o dia 18 de setembro.