A Google anunciou nesta quarta-feira o desenvolvimento do primeiro algoritmo quântico com vantagem verificável e que tem potencial aplicação no mundo real.
Por Redação, com agências internacionais – de São Francisco
“Ecos quânticos” é o primeiro algoritmo com vantagem verificável em relação a algoritmos clássicos, isto é, que alcança resultados impossíveis mesmo nos melhores supercomputadores do mundo. A Google fala de potenciais avanços importantes, como a descoberta de medicamentos, design inovador de baterias e até energia de fusão

A Google anunciou nesta quarta-feira o desenvolvimento do primeiro algoritmo quântico com vantagem verificável e que tem potencial aplicação no mundo real, um avanço que motivou a publicação de um artigo na revista Nature. Batizado de “Ecos quânticos”, o algoritmo é um primeiro passo para conseguir que os computadores quânticos resolvam problemas que nem os melhores supercomputadores conseguiram ainda solucionar. Surge um ano depois do anúncio de um novo chip, Willow, desenvolvido pela Google Quantum AI.
– O chip Willow permitiu à equipa correr um novo tipo de algoritmo que antes não era possível – afirmou Michel Devoret, cientista-chefe de Hardware Quântico na Google e Prémio Nobel da Física 2025, numa mesa redonda com jornalistas em que o Expresso participou. “É o primeiro algoritmo com vantagem quântica verificável em hardware”, descreveu, explicando que corre 13 mil vezes mais rapidamente e pode ser repetido por outro computador quântico para verificar o resultado. “Presta-se a aplicações do mundo real e melhor computação.”
Charina Chou, cientista da Google Quantum AI, salientou que se trata de um “esforço global” e que a equipa está a trabalhar com parceiros de todo o mundo. “A vantagem quântica significa que algo é mais rápido num computador quântico que num computador clássico”, detalhou. “Há questões que podem ser resolvidas num computador quântico mas não num computador clássico.”
Tom O’Brien, cientista da Google Quantum AI que também esteve na sessão, explicou que a publicação do ‘paper’ permitirá ter validação da comunidade científica. “É a diferença entre os computadores quânticos serem ciência e fazerem ciência.”
Avanços importantes
A previsão, segundo Michel Devoret, é que haja aplicações reais dentro de cinco anos. O Prémio Nobel detalhou como o algoritmo pode medir a estrutura molecular numa molécula real e Tom O’Brien explicou que se trata de uma nova “régua molecular.” Esta régua pode medir distâncias maiores com mais precisão, melhorando a técnica RMN (ressonância magnética nuclear). A Google fala de potenciais avanços importantes, como a descoberta de medicamentos, design inovador de baterias e até energia de fusão.
– O Ecos quânticos abre caminho para mostrar que isto é aplicável – salientou Charina Chou.
Foi há menos de um ano que a Google anunciou o Willow, surpreendendo a comunidade na altura ao afirmar que este chip provava a existência de universos paralelos. O Willow, disse a Google, trouxe a capacidade de executar em menos de cinco minutos o que levaria num dos supercomputadores mais rápidos do mundo 10 septilhões de anos.