As negociações com as Forças de Apoio Rápido (RSF), que começaram no início de maio, produziram uma série de compromissos para proteger civis e dois acordos de cessar-fogo de curto prazo, embora esses acordos tenham sido repetidamente violados.
Por Redação, com Reuters - de Cartum
O Exército do Sudão suspendeu as negociações por um cessar-fogo e acesso à ajuda com uma força paramilitar rival nesta quarta-feira, disse uma fonte diplomática sudanesa, levantando temores de que o conflito de seis semanas afunde o terceiro maior país da África em uma crise humanitária.
As negociações com as Forças de Apoio Rápido (RSF), que começaram no início de maio, produziram uma série de compromissos para proteger civis e dois acordos de cessar-fogo de curto prazo, embora esses acordos tenham sido repetidamente violados.
Moradores relataram intensos confrontos no sul de Cartum e em Omdurman, do outro lado do rio Nilo, até a noite de terça-feira.
O Exército, que depende do poder aéreo e da artilharia, e o RSF, uma força armada mais frágil, mas um adversário difícil nas batalhas de rua de Cartum, concordaram em estender um acordo de cessar-fogo de uma semana por cinco dias antes do pacto expirar na segunda-feira.
O chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, um oficial militar de carreira, e o general da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, um ex-comandante de milícia conhecido como Hemedti, travam uma batalha pelo poder desde 15 de abril. Nenhum dos lados parece ter uma vantagem.
– Não queremos usar força letal. Ainda não usamos nossa força máxima... Não queremos destruir o país – disse Burhan em um vídeo militar divulgado na terça-feira, falando para suas forças em uma base com uma arma pendurada nas costas
– Mas se o inimigo não obedecer e não responder, seremos forçados a usar a força mais forte que tivermos – disse ele.
Repetidas violações
A RSF disse em um comunicado na noite de terça-feira que estava comprometida com o cessar-fogo "apesar das repetidas violações" do Exército.
Cartum tem sofrido saques generalizados e frequentes cortes no fornecimento de energia e água. A maioria dos hospitais parou de funcionar.
O cessar-fogo foi negociado e está sendo monitorado remotamente pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos. Eles dizem que o acordo foi violado por ambos os lados, embora a trégua ainda tenha permitido a entrega de ajuda a cerca de 2 milhões de pessoas.
A guerra já matou centenas de pessoas, deslocou mais de 1,2 milhão dentro do Sudão e levou outras 400 mil pessoas através das fronteiras para os países vizinhos, diz a Organização das Nações Unidas (ONU).