Rio de Janeiro, 16 de Março de 2025

O enrosco das desonerações

Arquivado em:
Segunda, 22 de Janeiro de 2024 às 10:54, por: CdB

Desoneração da folha exige revisões constantes, controle efetivo e contrapartidas para evitar distorções e fortalecer a participação sindical nas discussões. Para superar o mero papel de lobista as direções sindicais devem se engajar seriamente nas discussões.


Por João Guilherme Vargas Netto - de São Paulo


Desonerar a folha de pagamento de empresas e transferir a base de contribuição à Previdência para o faturamento (com renúncia fiscal) pode ser uma boa iniciativa em momentos de aumento do desemprego e de crise, desde que haja um controle efetivo de sua aplicação transitória, com revisões periódicas e contrapartidas sejam garantidas aos trabalhadores.




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Câmara dos Deputados

Foi o que não aconteceu em 2011, sem controles e contrapartida e veio se mantendo para 17 setores sem nenhuma participação nas discussões e providencias do movimento sindical dos trabalhadores.


Os setores beneficiados com a renúncia fiscal, que prejudica a Previdência, consolidaram-se em um poderoso lóbi no Congresso Nacional e criaram a lenda urbana de que a medida ( que se tornou recorrente) criava empregos ou impedia demissões.

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O prazo limite tendo sido estabelecido para dezembro de 2023, o Congresso Nacional, sob a instigação do lóbi e com ampla cobertura midiática votou uma lei prorrogando o benefício até 2027. O presidente da República vetou a lei, veto que foi derrubado pelo Congresso.


Nas discussões havidas o movimento sindical não teve participação efetiva(nem foi ouvido pelo próprio governo), exceto a participação de alguns setores atrelados ao lóbi empresarial que se agigantou, chegando a dividir as direções sindicais.



Medida provisória


O governo então editou uma medida provisória contestando o prolongamento do benefício e estabelecendo critérios para sua gradual extinção.


A reação dos parlamentares, mesmo em recesso, tem sido estridente, mas ineficaz, enquanto o governo procura agora discutir os fundamentos da medida provisória e garantir racionalidade fiscal.


Para superar o mero papel de lobista as direções sindicais devem se engajar seriamente nas discussões em curso, ajudando o próprio governo a corrigir suas falha e por meio de reuniões com o ministro da Fazenda, com o ministro da Industria( que é também vice- presidente), com o ministro do Trabalho e com empresários mesmo os que não são dirigentes sindicais, apresentar com clareza suas posições em defesa das revisões e controles e da exigência de contrapartidas que atenda os interesses dos trabalhadores e dos sindicatos, deslindando o enrosco das desonerações.


 

 

João Guilherme Vargas Netto, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.


As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil




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