Batista foi recebido em audiência pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, algumas semanas antes do rápido encontro entre o republicano e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na Assembleia-Geral da ONU.
Por Redação – de Brasília
A ação de empresários brasileiros no sentido de reduzir a tensão entre os EUA e o Brasil começa a surtir efeito. O empresário Joesley Batista, dono da maior indústria mundial de proteínas animais, a JBS, é um dos nomes que tem agido para normalizar as relações comerciais entre os dois países, tumultuada a partir de incursões do filho ’03’ do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ao longo dos últimos meses.

Batista foi recebido em audiência pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, algumas semanas antes do rápido encontro entre o republicano e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na Assembleia-Geral da ONU. A notícia, que chegou a alguns colunistas da mídia conservadora nesta quinta-feira, revela que há cerca de três semanas, Joesley reuniu-se com Trump na Casa Branca, onde conversaram sobre as tarifas de 50% aplicadas pelos EUA contra produtos brasileiros, o que afeta o setor frigorífico.
A importação por parte dos EUA no setor de celulose, também de interesse de Batista, esteve na pauta do encontro, conforme apurou a mídia brasileira. Durante o encontro, Joesley argumentou que as diferenças comerciais entre Brasil e EUA poderiam ser resolvidas por meio do diálogo entre os dois governos — numa mensagem de incentivo à aproximação entre os dois presidentes.
Nem a JBS ou a Casa Branca responderam, até agora, às dezenas de consultas de jornalistas acerca do tema.
‘Química’
Desde a imposição do ‘tarifaço’, há cerca de dois meses, delegações de empresários dos vários segmentos atingidos pelas sanções têm buscado interlocutores do a Casa Branca, até agora sem sucesso. Mas os esforços de grandes empresários brasileiros, nos bastidores, levaram o presidente norte-americano na véspera, em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, a admitir que houve uma cerca “química” entre ele e Lula e que os dois devem conversar, em breve.
Entre os atores mais influentes na tentativa de interromper o ciclo negativo de ações promovidas por ’03’ e seu principal cúmplice, o influenciador digital Paulo Figueiredo, empresas como a Embraer e a JBS, de Wesley e seu irmão, Joesley, têm contribuído para fortalecer os assessores norte-americanos que apoiam uma negociação focada no comércio, e não em questões políticas, entre as duas maiores democracias do continente americano.
Diplomacia
A reunião entre os presidentes Lula e Donald Trump ainda não está confirmada, mas já movimenta os bastidores do governo brasileiro. A expectativa é de que o encontro, anunciado por Trump durante discurso na Assembleia Geral da ONU, ocorra por telefone e tenha a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.
Auxiliares de Lula afirmam que a presença de Alckmin é considerada estratégica para discutir as pautas comerciais. O vice tem atuado como principal interlocutor com o setor empresarial e liderou a elaboração do Plano Brasil Soberano, criado para mitigar os efeitos das tarifas impostas por Washington sobre exportações brasileiras. Além disso, articulou no Congresso a medida provisória que viabilizou o programa e manteve contato direto com autoridades americanas mesmo após as sanções.