Jean Hislain Frederick, vice-prefeito do bairro Cite Soleil, em Port-au-Prince, disse que a violência começou no último dia 8, apenas um dia após o aniversário de um ano do assassinato do presidente Jovenel Moïse.
Por Redação, com DW - de Porto Príncipe
Ao menos 50 pessoas morreram e 110 ficaram feridas em confrontos entre gangues rivais na capital do Haiti que já duram quatro dias. Forças de segurança do governo não têm conseguido conter a violência, que impede moradores de deixarem suas casas e agravam a situação de fome no país.
Jean Hislain Frederick, vice-prefeito do bairro Cite Soleil, em Port-au-Prince, disse que a violência começou no último dia 8, apenas um dia após o aniversário de um ano do assassinato do presidente Jovenel Moïse.
A violência disparou no Haiti desde que ele foi morto, e agravou-se particularmente nos últimos três meses, enquanto gangues disputam o controle de territórios e cobram dos moradores para oferecer proteção.
O número exato de mortos nos últimos quatro dias é desconhecido, pois muitos cadáveres vêm sendo queimados.
"Campo de batalha"
A organização Médicos Sem Fronteiras afirmou que os confrontos entre gangues deixaram milhares de pessoas presas em Cite Soleil sem água potável, alimentos e cuidados médicos.
A entidade pediu ajuda de outros grupos de assistência e exortou as gangues "a pouparem os civis". Três membros da Médicos Sem Fronteiras estão tratando pessoas feridas em uma área de Cite Soleil chamada Brooklyn.
– Ao longo da a única rua que leva para Brooklyn, encontramos cadáveres que estão se decompondo ou sendo queimados' – disse Mumuza Muhindo, chefe da missão da organização no Haiti, em um comunicado. "Eles podem ser de pessoas mortas durante os confrontos ou de pessoas baleadas enquanto tentavam fugir, é um verdadeiro campo de batalha. Não é possível estimar quantas pessoas foram mortas.''
Gangues em disputa
Autoridades locais afirmaram que os confrontos envolveram as gangues rivais conhecidas como G9 e G-Pep.
A G9 é uma coalizão de gangues também conhecida como Família G9 e Aliados, liderada por um ex-policial, Jimmy Cherizier. Conhecido como "Churrasco'', Cherizier já foi ligado no passado a massacres, e acredita-se que sua coalizão tenha se aliado ao partido de Moïse, de direita. Depois que o presidente foi morto, ele definiu o crime como "covarde e horrendo".
A G-Pep é uma gangue que surgiu em Cite Soleil, embora seja aliada de outros grupos armados de toda a capital do Haiti.
Aumento da fome
O Programa Mundial de Alimentação (PMA) das Nações Unidas advertiu na terça-feira que a fome deverá aumentar no Haiti, que registra uma inflação de 26%, alta nos custos dos alimentos e combustível e deterioração da segurança.
O diretor do programa no país, Jean-Martin Bauer, disse que 1,3 milhão de haitianos no noroeste e em partes do sul do país "estão a um passo de fome".
Como as gangues bloqueiam estradas e atacam caminhões transportando ajuda humanitária, o PMA está usando barcos e aeronaves para entregar alimentos.
Bauer afirmou que o PMA precisa de US$ 39 milhões para suas operações em Haiti durante os próximos seis meses, e exortou os doadores a não deixarem o situação no país "ir de mal a pior".