O governo da premiê Giorgia Meloni aprovou um pacote de 2 bilhões de euros para ajudar as populações afetadas pelo mau tempo na Emilia-Romagna, porém o montante ainda não cobre gastos com reconstrução.
Por Redação, com ANSA - de Roma
Os danos provocados pelas inundações na Emilia-Romagna, rica região do centro-norte da Itália, ultrapassam os 7 bilhões de euros, o equivalente a R$ 37 bilhões.
A projeção é da vice-governadora Irene Priolo, mas ainda não é definitiva. "Não temos ainda uma estimativa precisa, mas os danos são superiores a 7 bilhões", declarou a política de centro-esquerda à agência italiana de notícias ANSA.
Na terça-feira, o governo da premiê Giorgia Meloni aprovou um pacote de 2 bilhões de euros para ajudar as populações afetadas pelo mau tempo na Emilia-Romagna, porém o montante ainda não cobre gastos com reconstrução.
– Os 2 bilhões colocados à disposição pelo governo são importantes, mas a conta total será muito mais alta. Temos muitas infraestruturas danificadas e um número de deslizamentos sem precedentes – acrescentou Priolo.
Além dos prejuízos econômicos, as inundações deixaram pelo menos 15 mortos e mais de 20 mil desalojados.
Risco de queda de ponte
A antiga concessionária da Ponte Morandi, cujo desabamento matou 43 pessoas em agosto de 2018, na cidade italiana de Gênova, sabia desde 2010 sobre o risco de queda da estrutura.
É o que revela o depoimento de Gianni Mion, ex-conselheiro da Autostrade per I'Italia (Aspi), que detinha a concessão da via, no processo contra 59 pessoas acusadas de responsabilidade pela tragédia.
– Emergiu que a ponte tinha um defeito de projeto e que criava perplexidade entre os técnicos sobre o fato de que continuasse de pé – disse Mion, referindo-se a uma reunião ocorrida em 2010, oito anos antes do desastre.
– Perguntei se havia alguém para certificar a segurança, e Riccardo Mollo me respondeu: 'Nós mesmos a certificamos'. Não falei nada e me preocupei. Não fiz nada, e é meu grande arrependimento – declarou Mion, que também era CEO da holding da família Benetton, ex-controladora da Aspi.
Riccardo Mollo era diretor-geral da concessionária, e a reunião também contou com o então CEO Giovanni Castellucci e outros dirigentes, gestores e técnicos.
– Após aquela reunião, deveria ter feito barulho, mas não o fiz. Talvez porque eu me importava com meu cargo. Foi assim, ninguém fez nada, e lamento muito – acrescentou Mion.
Após o depoimento, Egle Possetti, presidente do comitê de parentes das vítimas, afirmou que o executivo não podia ter ficado quieto. "É inaceitável, nunca haverá justiça. Esperamos apenas que alguém pague e sirva de exemplo para que situações do gênero não se repitam na Itália", afirmou.
A Ponte Morandi havia sido inaugurada em 1967 e consistia em uma estrutura estaiada, mas com as vias suspensas por tirantes de concreto, e não de aço, como é mais comum.
Uma perícia divulgada em dezembro de 2020 concluiu que o desabamento foi provocado pela corrosão em um dos cabos de sustentação. O relatório aponta que o desastre poderia ter sido evitado se "os controles e manutenções tivessem sido feitos corretamente".