França e Irlanda também anunciaram que solicitarão informações à empresa chinesa após grande impacto no lançamento.
Por Redação, com CartaCapital – de Seul
A agência reguladora de proteção de dados da Coreia do Sul pedirá explicações à startup chinesa de inteligência artificial DeepSeek sobre como ela gerencia informações fornecidas por seus usuários, seguindo os passos da França e Irlanda.

– Pretendemos submeter, a partir desta sexta-feira, por escrito uma solicitação para obter informações sobre como o DeepSeek gerencia dados pessoais – disse um funcionário da comissão de proteção de dados da Coreia do Sul.
Gigantes da tecnologia sul-coreanas, como a Samsung Electronics e a concorrente SK Hynix, são grandes fornecedoras de microprocessadores avançados necessários para servidores de IA.
A chegada há poucos dias do modelo R1 da DeepSeek surpreendeu pela capacidade de fazer o mesmo que seus concorrentes, mas, segundo a empresa, a um custo muito menor, e também abalou os mercados financeiros.
Na quinta-feira, o regulador italiano iniciou uma investigação sobre o chatbot do DeepSeek, proibindo-o de processar dados de usuários italianos. A medida foi tomada após receber respostas “totalmente insuficientes” às suas perguntas sobre o uso de dados pessoais.
França e Irlanda também anunciaram que solicitarão informações à empresa chinesa.
Na terça-feira, o ministro da Indústria e Ciência da Austrália, claramente preocupado, pediu aos usuários de chatbots que fossem “muito prudentes”.
– Há muitas perguntas que precisam ser respondidas sobre qualidade, preferências do consumidor, gerenciamento de dados e privacidade – disse o ministro Ed Husic ao canal ABC.
DeepSeek fica indisponível na Itália
A nova Inteligência Artificial (IA) DeepSeek saiu do ar na Itália na quarta-feira após entrar na mira de autoridades que regulamentam a proteção de dados no país.
As principais lojas de aplicativo na Itália agora exibem a mensagem que indica que a DeepSeek não está mais disponível naquela região. Ainda não está claro se a ferramenta chinesa foi banida do país europeu ou se passa apenas por uma instabilidade. A DeepSeek ainda não comentou oficialmente o episódio.
Sabe-se, porém, que a agência reguladora local enviou, horas antes, questionamentos à empresa sobre a coleta e o tratamento de dados por parte da IA. Em nota, a Garante (como é chamada a agência de proteção de dados italiana) afirmou que a DeepSeek representaria um “elevado risco para os dados de milhões de pessoas em Itália”.
Ainda segundo a nota, a agência aguarda, em até 20 dias, informações detalhadas sobre quais dados pessoais são recolhidos pela DeepSeek; de quais fontes esses dados são recolhidos; para que fins eles são usados; qual é a natureza jurídica do tratamento dessas informações; e, ainda, se estes dados estão armazenados em servidores localizados na China.
Pela regra europeia, os dados de usuários da região não podem ser encaminhados a outros países fora do bloco sem que haja garantias de proteção das informações.
A Garante também cobrou detalhes sobre que tipo de informação é utilizada pela empresa chinesa para treinar o seu sistema de inteligência artificial. A empresa tem sido acusada de ter usado informações da sua principal concorrente, a OpenAI, dona ChatGPT, para treinar a sua ferramenta.
Por fim, a autoridade europeia pediu detalhes de como os usuários são informados sobre os tratamentos de dados feitos pela DeepSeek.
O comunicado publicado pela agência, apesar de contundente, não menciona qualquer proibição para que a DeepSeek opere no país e, portanto, não deixa claro se a ferramenta foi tirada do ar por ordens das autoridades italianas.
Um processo de questionamento semelhante foi vivido pelo ChatGPT em 2023. A IA norte-americana chegou a ser banida, por alguns dias, pela Itália após supostas violações de privacidade. O processo resultou em uma multa de 15 milhões de euros para a OpenAI, que ainda foi obrigada a promover uma campanha de informações sobre dados pessoais durante seis meses. A decisão é de dezembro de 2024.
A DeepSeek deve, também, ser questionada pela Comissão Europeia nos próximos dias. O colegiado confirmou, nesta quarta-feira, que iniciou a verificação sobre a ferramenta chinesa. A intenção é constatar se a DeepSeek respeita todas as regras impostas para inteligências artificiais na região.