As relações entre as duas Coreias voltaram a ficar ruins após Pyongyang explodir a sede do escritório responsável pela comunicação entre os dois países em Kaesong, em junho do ano passado, interrompendo todas as linhas de comunicação.
Por Redação, com ANSA - de Seul
Duas figuras do alto escalão do governo da Coreia do Norte afirmaram nesta sexta-feira que ainda é "prematuro" fazer a declaração do fim da guerra com sua vizinha do Sul porque não há garantias de que a "política hostil" contra Pyongyang será removida.
As manifestações ocorreram após o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, reiterar seu desejo de publicar a declaração durante o discurso que fez na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira.
Em entrevista à emissora estatal norte-coreana KCNA, o vice-ministro das Relações Exteriores, Lee Tae-sung, afirmou que a "realidade diante de nossos olhos mostra que é prematuro adotar uma declaração para terminar a guerra por enquanto" e que "todos os fatos provam que ainda não é a hora de declarar o fim da guerra". Para ele, uma "declaração com valor simbólico" não vai acabar com "a hostilidade de Washington".
A fala de Lee refere-se aos constantes treinamentos militares feitos por Seul com apoio dos Estados Unidos na península e às vendas de equipamentos bélicos também para o Japão e para a Austrália.
Kim Yo-jong
Na mesma linha, a irmã do ditador Kim Jong-un, Kim Yo-jong, disse à KCNA que a ideia da declaração é "admirável", mas que é preciso criar as "condições justas" para um acordo verdadeiro. "A declaração de fim da guerra é uma ideia interessante e admirável, mas é necessário examinar se o momento certo é agora e se há condições maduras para discutir o problema. Agora persistem o 'dois países, dois pesos', preconceitos e políticas hostis na relação com o Norte", afirmou.
Segundo ela, o governo tem "disposição" para manter as relações e os contatos com Seul se "o Sul ficar atento à sua linguagem futura e não for hostil".
As relações entre as duas Coreias voltaram a ficar ruins após Pyongyang explodir a sede do escritório responsável pela comunicação entre os dois países em Kaesong, em junho do ano passado, interrompendo todas as linhas de comunicação.
No fim de junho deste ano, Kim Jong-un anunciou que as conversas seriam retomadas de maneira on-line, mas elas foram interrompidas novamente no fim de julho após exercícios militares norte-americanos com Seul, que dispararam mísseis.
A manobra dos militares ocorreu como um forma de resposta aos testes com mísseis desenvolvidos na Coreia do Norte, que usaram uma nova tecnologia de longo alcance.
Tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em guerra porque o conflito bélico ocorrido entre 1950 e 1953 terminou com um acordo de cessar-fogo e não com um tratado de paz.