As tratativas sobre assuntos como as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e o financiamento só devem ser retomadas no próximo sábado.
Por Redação, com ANSA – de Brasília
O governo brasileiro não conseguiu alcançar consenso entre os países que participam da COP30, em Belém, para incorporar à agenda de debates temas controversos, como as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

– Ainda não houve acordo. Já são sete horas de conversa e nem todo mundo quer tudo. A agenda da COP é multilateral, estamos tentando avançar de forma equilibrada – afirmou a embaixadora Liliam Chagas, chefe dos negociadores do Ministério das Relações Exteriores.
As tratativas sobre assuntos como as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) e o financiamento só devem ser retomadas no próximo sábado, diante do fracasso observado na quarta-feira.
– Depende da evolução dessas conversas para dar um prognóstico do que vai acontecer – explicou Chagas.
Outro ponto retirado da agenda é o artigo do Acordo de Paris, de 2015, que estabelece a obrigação legal de os países desenvolvidos financiarem os países pobres.
O governo brasileiro já havia fracassado na segunda-feira ao tentar incluir esses temas, que enfrentam resistência e agora correm o risco de ficar fora da agenda oficial, sendo discutidos apenas de maneira informal.
Survival pressiona COP30 para ‘mudar rumos’ e ‘respeitar indígenas’
A gerente de campanhas da Survival International para a Ásia e Pacífico, Sophie Grig, denunciou os interesses mercadológicos nos debates da COP30, em Belém, ao argumentar que são “o consumo excessivo e o capitalismo que alimentam a crise climática”, colocando em risco mais de 95% das comunidades indígenas isoladas.
– Durante a COP30, mais uma vez, o principal objetivo será monetizar as florestas tropicais e transformá-las em gigantescos projetos de compensação de carbono – declarou Grig em comunicado da Survival, movimento global dos povos autóctones.
Segundo ela, além do alto consumo e do sistema capitalista, “a exploração madeireira, a mineração e outras formas de extração de recursos” também “ameaçam 96% de todos os povos indígenas isolados”.
– A melhor maneira de proteger as florestas, bem como os direitos e as vidas dos povos indígenas que ali vivem, é reconhecer e respeitar seus direitos às terras que eles administram e protegem há milênios – explicou a ativista.
Por sua vez, Fiore Longo, gerente de campanha da Survival para descolonizar a conservação, acredita que a proposta do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) “é falha, pois dependeria dos lucros das mesmas empresas responsáveis pela destruição das florestas tropicais”.
– Além disso, apenas uma parcela irrisória de 20% dos seus recursos seria destinada àqueles que comprovadamente são mais eficazes na proteção dessas florestas: os povos indígenas – sustentou Longo.
De acordo com ela, “é necessária uma mudança radical de rumo”, através de uma “simples solução”.
– Os governos devem respeitar os direitos territoriais dos povos indígenas, incluindo os povos isolados que habitam e protegem alguns dos locais com maior biodiversidade do planeta e que não sobreviverão a menos que suas terras sejam protegidas – alertou Longo.