Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Convivência social ajuda prevenir depressão entre os idosos

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Quarta, 14 de Novembro de 2018 às 07:51, por: CdB

Pesquisa com 7.651 idosos mostrou que 14% deles sentem solidão e 29% não têm filhos ou os encontram menos de uma vez ao ano.

Por Redação, com ACS - de Brasília

Com o envelhecimento, as redes de relações sociais dos idosos tendem a diminuir. A aposentadoria, por exemplo, pode contribuir para essa diminuição e fazer com que o idoso passe a maior parte do tempo em casa. No entanto, a convivência social é um fator importante para prevenção da depressão, uma das doenças que atinge de forma significativa as pessoas com mais de 60 anos. Resultados do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), de 2018 financiado pelo Ministério da Saúde com 7.651 participantes mostrou que 14% dos idosos sentem solidão sempre e 29% não têm filhos ou os encontram menos de uma vez no ano.
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Com o envelhecimento, as redes de relações sociais dos idosos tendem a diminuir
Longe do trabalho e sem ver também os parentes, os idosos buscam alternativas pontos de convivência, como aulas, academias, igreja, vizinhança e outros espaços sociais. É o caso do pesquisador agropecuário Aureliano Nogueira da Costa, de Vitória (ES). Com 62 anos, ele prepara para se aposentar, mas não pretende ficar em casa sozinho. Ele faz várias atividades e pretende continuar. Sua rotina é preenchida pelas viagens que faz na sua Halley Davidson com a mulher, que também tem uma moto; aulas de acordeon e ensaios de tamborim na escola de samba. – Estou de licença prêmio há dois meses e logo vou me aposentar. Mas essa mudança vai sobrar mais tempo pra fazer as coisas que gosto. Eu moro de frente pra praia e isso facilita a convivência. A casa é ótima, mas o mundo acontece lá fora. Os passeios de moto são seguros, a gente tem uma boa convivência – conta ele, que trabalhava no Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica e Extensão Rural).

Amizades e convivência social

Os dados do estudo ELSI-Brasil mostram a importância dos idosos manterem suas amizades e a convivência social, e não apenas os contatos familiares, para evitar o isolamento. A pesquisa diz que enquanto os primeiros são relacionamentos de livre escolha, podendo ser selecionados com base em afinidades, além de não serem estressantes, os segundos são de caráter obrigatório e podem impor situações desagradáveis e desgastantes. Além da aposentadoria, outro fator que colabora para a solidão é a viuvez e a dependência que ao longo do tempo pode levar a comportamentos de isolamento. Considerando a percepção dos idosos, estudo também indicou relação entre a sua dificuldade de atravessar a rua e a preocupação com a dificuldade para utilizar o transporte público com o seu isolamento social e familiar. A coordenadora da Saúde da Pessoa Idosa, Cristina Hoffmann, destaca a importância de que os idosos matenham uma vida social, especialmente quando aposentados, pois desta forma poderão fortalecer os laços existentes, bem como estabelecer novas amizades. “Seja na academia, estudando algum idioma, aprendendo alguma atividade que tenha interesse. É muito importante que eles preservem essas atividades, pois a a participação social contribui para diminuir a sua vulnerabilidade, diminuindo inclusive os riscos para a depressão. Portanto, as relações sociais tem um importante papel na promoção e/ou manutenção da saúde física e mental das pessoas idosas. Além destes fatores, o Elsi-Brasil apontou que os idosos também tem preocupações relacionadas a sair de casa devido a defeitos nas calçadas (51%) e a percepção de vizinhança como muito insegura (37%). A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostrou que entre os idosos, a depressão acomete 11,1%. A faixa-etária com maior proportação é de 60 a 64 anos de idade. Não é à toa que existe uma alta taxa de suicídio entre os idosos com mais de 70 anos. É o que mostrou o primeiro Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio no Brasil. Nesta faixa-etária, foram registradas média de 8,9 mortes por 100 mil, nos últimos seis anos. A média nacional é 5,5 por 100 mil habitantes.
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