A situação humanitária e de segurança em muitas áreas de Cité Soleil, que tem centenas de milhares de habitantes, "atingiu nível alarmante", disse o gabinete em comunicado.
Por Redação, com RTP - de Porto Príncipe
Confrontos entre grupos armados rivais deixaram 70 mortos e 40 feridos em Cité Soleil, a maior favela da capital do Haiti, Porto Príncipe, entre 14 e 19 de abril, informou a representação das Nações Unidas no Haiti.
Entre os mortos há 18 mulheres e dois menores, de acordo com dados divulgados no domingo pelo Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha, na sigla em inglês). Doze mulheres ficaram feridas.
A situação humanitária e de segurança em muitas áreas de Cité Soleil, que tem centenas de milhares de habitantes, "atingiu nível alarmante", disse o gabinete em comunicado. "As mulheres e crianças estão especialmente expostas à brutalidade das gangues".
Os combates impedem a população de circular livremente e de ter acesso a bens e serviços essenciais, além de provocar o fechamento de escolas e centros de saúde da região.
– As pessoas sentem-se sob cerco. Já não podem sair de casa por medo da violência armada e do terror imposto pelas gangues – afirmou a coordenadora do Ocha para o Haiti, Ulrika Richardson.
Grave crise social e política
O Haiti vive grave crise social e política. Ao reaparecimento da cólera, em surto matou 669 pessoas desde outubro, junta-se o fato de grande parte do território da capital ser controlado por gangues fortemente armadas.
O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, pediu ajuda militar internacional para combater esses grupos em outubro de 2022.
Max Leroy Mésidor, arcebispo da capital, disse nas redes sociais que a situação no país "piora a cada dia" e que o Haiti "mergulha no caos absoluto".
O arcebispo acusou o governo do país de "indiferença" com as vítimas da epidemia e disse que os grupos armados têm cometido crimes de violência sexual e sequestro.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha pediu respeito pela missão médica no país. Afirmou que a atividade da organização tem sido dificultada pelas restrições de circulação impostas devido ao risco "de ser apanhada em fogo cruzado", o que limita em grande medida o acesso aos serviços de saúde.