Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Clima: Brasil perde 70% da superfície de água nos últimos 38 anos

Ou seja, são rios e nascentes desaparecendo. Para se ter uma ideia dessa perda toda no país nesses 37 anos, é como se a água de uma lagoa do tamanho dez cidades do tamanho de São Paulo tivesse evaporado, 1,5 milhão de hectares de superfície de água.

Sexta, 17 de Fevereiro de 2023 às 09:59, por: CdB

Ou seja, são rios e nascentes desaparecendo. Para se ter uma ideia dessa perda toda no país nesses 37 anos, é como se a água de uma lagoa do tamanho dez cidades do tamanho de São Paulo tivesse evaporado, 1,5 milhão de hectares de superfície de água.


Por Redação, com RBA - de São Paulo


O desmatamento em todos os biomas fez 70% da superfície de água do Brasil secar no período entre 1985 a 2022, conforme levantamento da rede Mapbiomas. Há registro de “sumiço” do mais vital dos recursos naturais em mais de dois terços dos municípios brasileiros, a maioria deles na região do Pantanal. É o caso de Corumbá (MS), Cáceres (MT), Poconé (MT), Aquidauana (MS) e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT).




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O Pantanal perdeu 81% de superfície hídrica na série histórica. E cada vez menos se torna uma planície alágada

Ou seja, são rios e nascentes desaparecendo. Para se ter uma ideia dessa perda toda no país nesses 37 anos, é como se a água de uma lagoa do tamanho dez cidades do tamanho de São Paulo tivesse evaporado, 1,5 milhão de hectares de superfície de água.


Entre os biomas que perderam superfície hídrica, o destaque é para o Pantanal, com redução de 81,7%. Uma situação grave, que preocupa especialistas pela complexidade do dano ambiental. “A redução de água limita ou elimina o habitat para reprodução de espécies e plantas. Está em risco a sobrevivência de espécies. Não há água para os peixes. Presas da onça pintada, por exemplo, também estão em risco. A importância da Amazônia e outras florestas úmidas é inquestionável para controle do clima, mas não se deve tirar o olhar para os outros biomas”, disse Helga Correa, especialista em conservação da organização WWF, ao repórter Camilo Motta, da TVT.



Seca no Brasil chega até onde chovia todos os meses


A Caatinga aparece em segundo lugar no ranking. Esse bioma que é por natureza o mais seco do país perdeu quase um quinto de sua superfície hídrica (19,1%). Na sequência das perdas aparecem a Mata Atlântica (5,7%), Amazônia (5,5%), Pampa (3,6%) e Cerrado (2,6%).


A grave situaçao do Pantanal colocou o Mato Grosso do Sul na liderança dos estados com maior perda de superfície de água. Uma retração de 781.691 hectares, equivalente a bem mais da metade (57%), segundo o MapBiomas.


Apesar de não estar entre os primeiros na série histórica, o Pampa enfrenta uma situação difícil desde 2022, quando foi observada a menor superfície do período. Caracterizado por chuvas em todos os meses do ano, porém com estiagens no verão, o sul enfrenta dificuldades. E há inclusive lagoas praticamente secas no Rio Grande do Sul. A causa são os 10 anos mais secos da série histórica, segundo o MapBiomas.



Futuro do acesso à água preocupa


Foi observada tendência de perda de superfície de água na maioria das bacias e regiões hidrográficas brasileiras. Três em cada quatro sub-bacias hidrográficas (71%) perderam volume e extensão nas últimas três décadas. Essa perda, aliás, não foi compensada pelo aumento geral da superfície de água no país em 2022. Um terço (33%) delas ficaram abaixo da média histórica no ano passado.


Segundo o MapBiomas, em 2022 a superfície de água no país ficou 1,5% acima da média da série histórica, iniciada em 1985. Na prática, houve uma recuperação de 1,7 milhão de hectares (10%) em relação a 2021, ano de menor superfície no período. Esse aumento, porém, poderia ser analisado como artificial. Isso porque esta água está represada ou em empreendimentos de irrigação. E as fontes estão secando.


– O cenário preocupa. De 2013 para cá tivemos os 10 anos mais secos da série. E em 2022 um alento. Por outro lado, a gente está 7,6% abaixo do que aconteceu em 1991 (de chuvas intensas). Tivemos volumes expressivos no centro do país, que faz com que a gente observe esse aumento de superfície de água. Mas esse cenário nos últimos anos é preocupante. A gente não sabe se vai continuar no ganho, estabilizar ou se voltaremos a ter esses eventos extremos – disse o pesquisador e coordenador do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, ao repórter Camilo Mota, na Rádio Brasil Atual.



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