O Unicef estima ainda que 4,2 milhões de crianças não estão indo à escola, do qual, 2,2 milhões são meninas. Desde janeiro, as Nações Unidas documentaram mais de duas mil graves violações dos direitos dos menores e ainda contabiliza 435 mil crianças e mulheres como deslocados internos.
Por Redação, com ANSA - de Nova York
A diretora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Henrietta Fore, fez um alerta à comunidade internacional para a questão de sobrevivência de milhões de crianças no Afeganistão, país que voltou para as mãos dos talebãs após 20 anos de invasão dos Estados Unidos.
– Cerca de 10 milhões de crianças em todo o Afeganistão têm necessidade de assistência humanitária para sobreviver e estima-se que cerca de um milhão delas sofrerão com a desnutrição aguda grave ao longo desse ano e poderão morrer sem tratamento – disse Fore nesta segunda-feira.
O Unicef estima ainda que 4,2 milhões de crianças não estão indo à escola, do qual, 2,2 milhões são meninas. Desde janeiro, as Nações Unidas documentaram mais de duas mil graves violações dos direitos dos menores e ainda contabiliza 435 mil crianças e mulheres como deslocados internos.
– Essa é a triste realidade, independentemente dos desenvolvimento políticos atuais e das mudanças de governo. Prevemos que as necessidades humanitárias das crianças e mulheres aumentarão nos próximos meses por conta de uma grave seca, das devastantes consequências socioeconômicas da pandemia de covid-19 e do início do inverno – pontuou ainda.
Necessidades humanitárias
No entanto, apesar da tomada de poder, Fore garantiu que o Unicef "continuará no terreno" para ajudar as pessoas que "continuam a ter necessidade de serviços essenciais", como nos setores de saúde, com a vacinação contra a poliomielite e o sarampo -, nutrição, proteção e acesso à água potável e serviços higiênico-sanitários.
– Esperamos estender essas operações a áreas que antes não podíamos chegar por conta da insegurança. Peço que os talebãs e as outras partes garantam um acesso seguro, rápido e sem restrições para que as agências humanitárias possam chegar até as crianças que têm necessidades onde quer que eles estejam – finalizou.
Desde o dia 15 de agosto, quando o Talebã conquistou a capital Cabul, há muitas incertezas sobre o que será do futuro das crianças e, especialmente, das mulheres. Isso porque, entre 1996 e 2001, o grupo impôs um regime extremamente duro para elas sob a desculpa de seguirem a "lei islâmica". Elas não podiam trabalhar, estudar e sequer sair de casa sem o acompanhamento de um homem ou de um filho.
Em discurso, o grupo extremista prometeu que elas teriam direitos garantidos, mas ainda não se sabe o que será realmente da nação após a retirada total das tropas norte-americanas e estrangeiras que estão trabalhando na evacuação de seus cidadãos e de aliados. O prazo final é dia 31 deste mês.