Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2025

Cerca de 10 mil artigos científicos foram removidos em 2023, diz relatório

Os principais golpes vêm de países como Arábia Saudita, Paquistão, Rússia e China. Conforme expõe a revista, também são os países que tiveram as maiores taxas de retratação (quando um artigo é corrigido ou removido) nas últimas duas décadas.

Quarta, 20 de Dezembro de 2023 às 13:48, por: CdB

Os principais golpes vêm de países como Arábia Saudita, Paquistão, Rússia e China. Conforme expõe a revista, também são os países que tiveram as maiores taxas de retratação (quando um artigo é corrigido ou removido) nas últimas duas décadas.


Por Redação, com Canaltech - de Londres


O ano de 2023 bateu um recorde na ciência, mas infelizmente foi o de artigos científicos removidos: ao todo, foram 10 mil neste período. A informação vem de um relatório publicado na revista Nature. A principal responsável pelas retratações foi a editora Hindawi, sediada em Londres. Cerca de 8 mil artigos foram removidos pela empresa.




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A editora Hindawi (Londres) chegou a ser responsável pela remoção de 8 mil artigos publicados. Os casos despertam preocupação sobre o futuro da ciência

Os principais golpes vêm de países como Arábia Saudita, Paquistão, Rússia e China. Conforme expõe a revista, também são os países que tiveram as maiores taxas de retratação (quando um artigo é corrigido ou removido) nas últimas duas décadas.


A investigação da Hindawi foi motivada por editores internos que levantaram preocupações sobre referências irrelevantes em milhares de artigos, bem como textos incoerentes. Em declaração, a empresa chegou a mencionar que os pesquisadores enfrentam pressões crescentes para publicar, o que vem paralelo à crescente vulnerabilidade da indústria acadêmica à manipulação sistemática e atividades fraudulentas.


Um dos problemas apontados pela Hindawi foi o modo como edições especiais (coleções de artigos que tendem a ser supervisionadas por editores convidados) se tornaram um alvo para golpistas que fingem ser editores convidados para que possam publicar artigos falsos.



Futuro da ciência preocupa


Este não é um obstáculo enfrentado apenas pela Hindawi, mas também por todas as editoras acadêmicas, e conforme apontam os especialistas na Nature, representa um grande desafio para o futuro.


Uma preocupação levantada pelo relatório é que as retratações estão aumentando a uma taxa que supera o crescimento dos artigos científicos. A investigação combinou o número de retratações coletadas banco de dados.


O relatório ainda sugeriu que a taxa de artigos retratados mais do que triplicou na última década, e sugeriu que a questão é apenas a ponta de um iceberg, com empresas que vendem obras e autorias falsas sendo o principal fator responsável.


Segundo o material, esses artigos ainda causam problemas mesmo que não sejam lidos, porque os seus supostos resultados são incluídos e agregados com outros quando os cientistas escrevem artigos de revisão.


Mas ainda há esperança, pelo menos por aqui: um relatório da Agência Bori em parceria com a Elsevier apontou anteriormente que a ciência brasileira tornou-se 21% mais relevante desde 1996.




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