Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2025

Brasileiros vão às ruas contra Bolsonaro, embalados por pesquisa

Abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro, campanha nacional de vacinação contra a covid-19, defesa do serviço público, do Sistema Único de Saúde, restabelecimento do auxílio emergencial, medidas de proteção às empresas e aos empregos estão entre as bandeiras.

Domingo, 31 de Janeiro de 2021 às 11:47, por: CdB

Abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro, campanha nacional de vacinação contra a covid-19, defesa do serviço público, do Sistema Único de Saúde, restabelecimento do auxílio emergencial, medidas de proteção às empresas e aos empregos estão entre as bandeiras.

Por Redação, com BdF - de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo

Milhares de manifestantes voltaram às ruas das principais cidades do país, neste domingo, para mais um dia de manifestações contra o governo neofascista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), dessa vez mais animados com os dados da pesquisa DataFolha que revela a determinação de mais de 80% dos brasileiros de se livrar dos atuais governantes. Movimentos populares reunidos nas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo promovem carreatas, bicicletadas e outra formas de protesto que possam evitar aglomerações e mandar recados sem desrespeitar o distanciamento.

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Apesar do sol forte, os manifestantes fizeram questão de se pronunciar contra o governo de Bolsonaro durante uma bicicletada

Abertura de um processo de impeachment de Jair Bolsonaro, campanha nacional de vacinação contra a covid-19, defesa do serviço público, do Sistema Único de Saúde, restabelecimento do auxílio emergencial, medidas de proteção às empresas e aos empregos estão entre as bandeiras. Há atividades programadas em mais de 50 cidades de todas as regiões do país e ações nas redes sociais, convocadas

A pressão popular pelo impeachment de Bolsonaro, que vem aumentando nas últimas semanas, teve neste domingo o reforço da quarta edição do Stop Bolsonaro Mundial. Segundo a organização do Stop Bolsonaro Mundial, o movimento tem o objetivo de denunciar, mais uma vez, o genocídio causado pela negação e o descaso sanitário.

Impeachment

O Brasil, considerado pela Organização Mundial da Saúde o pior país do mundo no enfrentamento da pandemia no novo coronavírus, contabiliza 9,3 milhões de casos de covid-19 e 224 mil mortes. A organização reúne ativistas de diversos partidos, todos os credos e origens, feministas, antirracistas, antifascistas, ambientalistas, defensores dos direitos humanos e líderes de movimentos sociais. Também congrega torcidas de futebol no Brasil e no exterior.

Bolsonaro também carrega o fardo de ser o mandatário mais rejeitado e com maior apoio popular por seu impeachment imediato, conforme aponta a pesquisa do Instituto DataFolha com 526 pessoas que assinam ou leem o jornal de forma secundária, entre os dias 27 e 28 de janeiro. A margem de erro é de quatro pontos para mais ou menos.

Análise

Entre os brasileiros ouvidos agora por pesquisadores, 80% são favoráveis a que o Congresso abra um processo de impeachment, ante 42% da população aferidos em levantamento do Instituto em 20 e 21 de janeiro, com 2.030 pessoas e margem de erro de dois pontos. São contra a medida 18% do leitorado, número que vai a 53% no país como um todo.

Entre os eleitores pesquisados, 80% desejam a renúncia do presidente, acima dos 45% na população. Não querem isso 18%, ante 51% na população. O estudo mostra também que 90% do público avaliado considera a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima, número que é de 40% na população em geral. Aprovam Bolsonaro apenas 3% dos eleitores ouvidos na análise, ante 31% dos brasileiros, enquanto 7% o acham regular (26% no total).

Em pesquisas nacionais comparáveis do passado, Dilma Rousseff (PT) tinha 80% de rejeição e só 6% de aprovação às vésperas do golpe de Estado que deu início à abertura de seu processo de impeachment, em março de 2016. Seu sucessor, Michel Temer (MDB), registrou 52% de ruim/péssimo e 13% de ótimo/bom em novembro de 2018, após a eleição de Bolsonaro.

Reforma

O raciocínio de rejeição vale para a credibilidade presidencial: 85% nunca confiam no que ele diz (41% dos brasileiros) e 92% acham que ele não tem capacidade de liderar (50% na população). A política econômica é rejeitada por 73%, e 43% consideram que o Congresso mais ajuda do que atrapalha (35%) a agenda de reformas do ministro Paulo Guedes. Para 16%, nem uma coisa, nem outra.

“Entre as ações que o governo deveria promover, os leitores privilegiam a reforma tributária, muito importante para 82%. Reforma administrativa tem 64%, teto de gastos, 58%, e privatizações só são vistas assim por 28%. A pandemia, cuja gestão pelo titular do Planalto é condenada por 48% dos brasileiros, é vista como ruim ou péssima por 93% dos leitores do jornal. Apenas 2% aprovam o trabalho de Bolsonaro, ante 26% na população”, sublinha o estudo, publicado na edição deste domingo do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP).

Pazuello

Ainda segundo a FSP, “igualmente é malvisto o trabalho do Ministério da Saúde: 85% dos leitores o rejeitam (30% na população), e 5% o aprovam (35% entre os brasileiros em geral). A percepção de culpa principal do presidente pelas mais de 220 mil mortes pela Covid-19 cresce de 11% na população para 49% no leitorado. Quem acha que Bolsonaro não tem culpa alguma decresce de 47% para 7% entre leitores, enquanto fatias semelhantes (39% e 44%) acham que ele é um dos culpados, mas não o principal”.

Em comparação com o momento posterior à eleição de Bolsonaro, os eleitorado pesquisados se deslocaram para a centro-esquerda de forma mais sensível. “Em novembro de 2018, 20% se diziam nessa faixa política; agora são 43%. Houve estabilidade em quem se diz de esquerda (14% e 12% agora), centro (24% e 23%) e centro-direita (20% e 16%). Os dois turbulentos anos de Bolsonaro no poder afetaram a atratividade da direita, cuja autodeclaração pelos leitores foi de 19% a 5%”, resume.

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