No processo de desenvolvimento da nova ferramenta, a Munai está no estágio de coleta de informações para treinar a inteligência artificial na hora de responder todas as questões médicas referentes a protocolos hospitalares.
Por Redação, com Canaltech - de Washington/Brasília
A startup brasileira Munai está na lista de iniciativas que serão apoiadas pela Fundação Bill & Melinda Gates para desenvolver ferramentas de impacto social na área da saúde. Para ser mais preciso, o projeto selecionado busca desenvolver o "ChatGPT dos hospitais", um chatbot que irá auxiliar médicos na prescrição de antibióticos e que pode melhorar o problema da resistência antimicrobiana, se aplicado em larga escala. Nesta primeira etapa de desenvolvimento, a healthtech de Curitiba irá receber US$ 85 mil (cerca de 422 mil reais).
Para desenvolver a ferramenta com inteligência artificial generativa que auxilia na prescrição de antibióticos, conforme prevê o Programa de Gestão de Antimicrobianos (ASPs), a startup vai trabalhar com as tecnologias de Large Language Models (LLM), como o GPT-4, da OpenAI. No entanto, os dados e prontuários, que alimentarão o robô, serão provenientes da saúde brasileira.
Como reduzir o uso excessivo dos antibióticos?
Para o médico infectologista e fundador da Munai, Hugo Morales, o uso excessivo de antibióticos é uma preocupação importante para a saúde pública global, especialmente em países de baixa e média renda, como o Brasil.
– É alarmante pensar que, nos dias de hoje, cerca de metade das prescrições de antibióticos são desnecessárias, o que contribui para o aumento global de resistência antimicrobiana – afirma Morales. Inclusive, a resistência aos antibióticos já está entre as principais causas de morte no mundo.
Para o especialista, "a falta de acesso a protocolos de antimicrobianos locais atualizados e dificuldades em obter um histórico médico completo dos pacientes no ambiente hospitalar são as principais causas para essas falhas na prescrição".
Hoje, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece o problema da resistência antimicrobiana para a saúde pública. Em paralelo, a entidade alerta para a falta inovação e investimentos na criação de novos remédios para o controle de bactérias resistentes — oportunamente a solução para esta questão também pode ser acelerado com ajuda da IA generativa.
Como é feito o ChatGPT dos hospitais?
No processo de desenvolvimento da nova ferramenta, a Munai está no estágio de coleta de informações para treinar a inteligência artificial na hora de responder todas as questões médicas referentes a protocolos hospitalares. A base de dados da própria healthtech conta com 15 milhões de dados e 6 milhões de pacientes únicos, o que deve ser o seu diferencial.
Os primeiros resultados sobre o ChatGPT dos hospitais devem ser divulgados em outubro. Segundo os responsáveis, se tudo sair conforme o planejado, a primeira fase deve fornecer uma ferramenta que já poderá ser usada por outros países, o que deve apoiar o melhor uso de antibióticos na saúde.