Segunda, 24 de Fevereiro de 2020 às 13:06, por: CdB
A produtora do filme brasileiro Todos os Mortos, Sara Silveira, denunciou os ataques feitos ao cinema brasileiro pelo presidente Bolsonaro e sua equipe de extrema-direita, na entrevista coletiva para a imprensa, logo após a exibição do filme na Competição do Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Rui Martins, do Festival Internacional de Cinema de Berlim:
Sua denúncia foi seguida de uma conclamação e de uma vibrante declaração de resistência, aplaudida pelos jornalistas.
"Hoje temos uma problema enorme com um presiente de extrema-direita que ataca nossa cultura, nossa educação e nosso audio-visual. A indústria brasileira de cinema tem 500 mil pessoas que com ela trabalhavam e trabalham direta ou indiretamente.
Estamos sendo totalmente tolhidos, freados por um governo que não entende de arte, talvez por lhe faltar inteligência. Já que são tão neoliberais por que não entendem que proporcionamos empregos e idéias, diversidade e sobretudo resistência?
Enquanto eu existir como mulher, acentuou Sara Silveira, eles vão ter de ouvir e ver os meus filmes. Vai ser difícil nos calar, visto a força que a gente tem. Eu não preciso de armas. Eu disponho de força, amor, coragem e momentos heróicos, para suportar o que estamos vivendo, nós de todas as raças, de todos os gêneros, nós os artistas que estão aqui gritando por liberdade, democracia e contra a censura. RESISTÊNCIA!"
Pouco antes, os diretores Marcos Dutra e Caetano Gotardo tinham denunciado as tentativas do governo Bolsonaro para silenciar as artes e, em particular o cinema, havendo mesmo um retorno gradativo da censura.
Rui Martins, de Berlim, no Festival Internacional de Cinema.
Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. É criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.