Quarta, 13 de Fevereiro de 2019 às 10:00, por: CdB
Mais um filme sobre religião em Berlim. Em Adeus à Noite, a veterana atriz Catherine Deneuve vive uma avó preocupada com seu jovem neto Alex, praticamente seu filho, pois fora criado por ela após a morte de sua filha num acidente.
Por Rui Martins, de Berlim, convidado pelo Festival Internacional de Cinema:
Catherine Deneuve resiste à passagem do tempo e não se aposenta como atriz, ao contrário é a atriz principal do novo filme do consagrado realizador francês André Téchiné. Nessa sua nova interpretação, Deneuve é uma bem conservada avó, Muriel, cuja infância e juventude foram vividas na Argélia, na época da colonização francêsa.
Em plena forma, Muriel dirige uma escola de equitação e possui uma vasta plantação de cerejeiras no interior da França. É lá que seu neto vem visitá-la, antes de partir em viagem para o Canadá, onde pretende ir residir com sua namorada. Alex é muito mais que um neto para Muriel, pois foi criado por ela desde a morte de sua filha num acidente. O pai de Alex, logo depois casou-se navamente e foi viver na Guadalupe. Alex não aceitou a nova vida do pai, nunca foi visitá-lo e nem se interessou pelos seus uatro meio-irmãos.
Essa fratura familiar fragilizou Alex que, ao encontrar Lila, sua namorada muçulmana, ficou praticamente sob essa influência amorosa. Lila, que se ligara ao movimento da Jiade, ou guerra santa dos islamitas de Daesch, logo conseguiu converter Alex para a religião muçulmana e convencê-lo para emigrarem ao Iraque, onde Alex poderá lutar por Alá na Jiade ontra os infiéis.
A avó Muriel toma conhecimento da conversão do neto ao vê-lo de manhã fazendo sua prece a Alá. Desconhece, porém, sua intenção de emigrar e lutar pela Jiade. Ao indagar a Alex sobre sua conversão, ouve uma explicação minimalista e ingênua de ter descoberto o Islã graças à sua namorada Lila. Para ele, agora a vida terrena não ter nenhuma importância, mas sim a outra vida após a morte.
Muriel descobre por acaso o verdadeiro destino da viagem de Alex e decide impedir sua partida para Barcelona, de onde iria a Istambul e, a seguir, para a Síria e Iraque.
Para o cineasta francês André Téchiné, a sedução dos jovens não só da primeira e segunda gerações de muçulmanos na França nada tem a ver com preocupações políticas, porém a um desejo religioso de sacrifício, no caso de doar sua vida a Alá, na firme crença de um outra vida após a morte. A captura desses jovens, geralmente em busca de um alvo para a vida ou destabilizados por uma fratura familiar como o jovem alex do filme, é feita pela redes sociais na Internet ou pelo Facebook. A derrota recente de Aech, praticamente acabou com novas emigrações de jovens, via Istambul, e criou, na França, o problema do retorno dos que foram presos na região, muitos deles ex;combatente do Estado Islâmico Daesch.
Rui Martins foi convidado pelo Festival Internacional de Cinema.