O novo elevado, com 50 metros de extensão, está localizado no sentido São Paulo, na altura de Paracambi, e será o primeiro dos 24 previstos no projeto de modernização do traçado da serra.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
As obras de duplicação da Serra das Araras, trecho crítico da Via Dutra (BR-116) entre Rio de Janeiro e São Paulo, completaram um ano neste mês com 25% de execução e previsão de entrega do primeiro viaduto em maio. A informação é da CCR RioSP, concessionária responsável pela rodovia, conforme reportado pelo diário conservador carioca O Globo.

O novo elevado, com 50 metros de extensão, está localizado no sentido São Paulo, na altura de Paracambi, e será o primeiro dos 24 previstos no projeto de modernização do traçado da serra.
A estrutura já está em fase final de acabamento e contará com quatro faixas de rolamento. No entanto, a concessionária ainda avalia operar apenas duas delas inicialmente para evitar gargalos na transição com os trechos antigos. A entrega antecipada, um mês antes do cronograma inicial, vai permitir o avanço das obras em outros trechos, por onde hoje circulam os veículos.
O investimento total nas intervenções é de R$ 1,5 bilhão, e o principal objetivo é dobrar a capacidade de tráfego, que atualmente é de apenas duas faixas por sentido. Ao final das obras, previstas para 2028 no sentido São Paulo e 2029 no sentido Rio, a serra contará com quatro pistas e acostamento em ambos os lados, o que deve reduzir em até 50% o tempo de descida e 25% o de subida da serra.
– Fazer uma obra dessa magnitude exige planejamento e dedicação. Estamos cada vez mais próximos de oferecer uma serra moderna e eficiente para todos os motoristas – destacou Carla Fornasaro, diretora-presidente da CCR RioSP.
Além de melhorar o fluxo, os novos viadutos também reduzirão a sinuosidade da pista, que apresenta um desnível de 400 metros, minimizando aclives e declives e contribuindo para a preservação ambiental.
– Ao erguer os elevados, conseguimos evitar áreas sensíveis como nascentes e proteger a fauna local – explicou Virgilius Morais, engenheiro responsável pela obra.
O atual traçado da Serra das Araras foi inaugurado em 1928, em uma época com fluxo insignificante de veículos. Hoje, cerca de 36% do tráfego é composto por caminhões pesados, segundo o Ministério dos Transportes. O trecho integra a mais importante ligação rodoviária entre as duas maiores cidades do país e é responsável por escoar cerca da metade do PIB brasileiro, conforme estimativas do governo federal.
Motoristas que utilizam frequentemente a via relatam dificuldades constantes. A carioca Nicole Gois, que mora em Sorocaba, afirma que a descida da serra é um dos trechos mais perigosos da viagem.
– As curvas fechadas e o volume de caminhões tornam o trajeto sempre tenso. Já tive viagens que duraram o dobro do tempo por causa de acidentes. É frustrante e perigoso – contou.
Já o empresário Fabiano Oliveira destaca a falta de áreas de escape e de ultrapassagem na pista atual. “A duplicação é essencial para tornar a BR-116 mais segura e funcional nesse trecho tão crítico”, afirmou.
Obras
As obras seguem, por ora, concentradas na pista de subida, e incluem implosões programadas de rochas, que ocorrem entre terças e quintas-feiras, das 13h às 15h. Ao todo, serão detonados 600 mil metros cúbicos de rochas, quantidade suficiente para encher 40 mil caminhões basculantes. O material, no entanto, está sendo reutilizado na própria obra.
– Criamos um canteiro industrial com britagem. Todo o material retirado é transformado em insumo para as novas pistas – explicou Virgilius Morais.
Cerca de 2 mil trabalhadores estão mobilizados em 25 frentes de serviço, e a expectativa é de que o número de empregos diretos e indiretos chegue a 5 mil até 2029, especialmente em municípios como Piraí e Paracambi.
O projeto também prevê a criação de um ponto de apoio para os comerciantes de frutas, tradicionalmente espalhados ao longo da rodovia, reorganizando a atividade e melhorando a segurança no entorno.
Com entregas graduais ao longo dos próximos quatro anos, a nova Serra das Araras promete não apenas desafogar o tráfego, mas também modernizar uma das rotas mais estratégicas para a economia e mobilidade brasileiras.