Reintegração de posse ocorre de forma pacífica em SP

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Publicado Quinta, 21 de Janeiro de 2016 às 10:13, por: CdB

 

O terreno particular foi ocupado em 2013, as pessoas que vivem na área dizem que compraram lotes

Por Redação, com ABr - de São Paulo: Ocorre de forma pacífica desde o início da manhã desta quinta-feira a reintegração de posse de um terreno no Jardim Iguatemi, Zona Leste da capital paulista. Segundo a Secretarai de Estado da Segurança Pública, vivem na área, de 78 mil metros quadrados, cerca de 500 pessoas em 80 casas. A operação começou por volta das 6h. Os ocupantes chegaram a fazer uma barricada com fogo, porém, após negociação, resolveram deixar o local sem resistência. A Polícia Militar apenas acompanhou a retirada dos pertences dos moradores. Em entrevista à TV Brasil, alguns disseram que devem seguir para casa de parentes. O terreno particular foi ocupado em 2013. As pessoas que vivem na área dizem que compraram lotes. Por isso, o juiz Alessander Marcondes França Ramos, da 1ª Vara Cível do Foro Regional de Itaquera, que concedeu a reintegração em favor do proprietário, também solicitou a instauração de inquérito policial para apurar o parcelamento ilegal das terras. No final da tarde de quarta-feira, os moradores fizeram um protesto contra o despejo, ateando fogo em carros e interromperam o tráfego na Avenida Bento Guelfi.
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As pessoas que vivem na área dizem que compraram lotes

Ocupação Vila Soma

O coordenador da ocupação disse que, no passado, funcionava no terreno uma metalúrgica e que o local foi abandonado após a falência da Soma, há mais de 30 anos. Em junho de 2012, começaram a chegar os primeiros ocupantes, montando acampamentos e se acomodando como podiam. Atualmente, a Vila Soma tem estrutura consolidada, com casas de alvenaria, 38 ruas e até mesmo pequenos comércios. No entanto, os serviços públicos não chegaram à ocupação. Para ter água em casa, moradores chamam um caminhão-pipa para encher caixas de água, cada família paga R$ 20 por mil litros. “Mas os moradores usam muito a água da chuva, este mês foi de vitória para a ocupação, porque quase todas as casas têm cisternas. As famílias enchem caixas, tambores, para reutilizar essa água. Há muitas famílias que nem tem os R$ 20 para pagar ao caminhão-pipa”, conta o coordenador. Para ter eletricidade, alguns moradores utilizam geradores, mas muitas famílias vivem sem energia elétrica. A rede de esgoto é inexistente, cada casa tem sua fossa. Apesar da precariedade, a Vila Soma está localizada numa área nobre em Sumaré, na região central. “A gente acha que boa parte dessa discussão e desse embate com o Poder Público é pelo fato de a ocupação estar localizada no centro da cidade. Nós temos vizinhos com casas bem nobres, essa é uma guerra de classes. O cara que tem uma casa aqui não suporta ver um pobre passando na frente da casa dele”, disse Wiliam. Edvando Silva dos Santos, de 34 anos, é técnico de instalação de televisão. Ele vive com a mulher, que está grávida, e dois filhos na ocupação. Antes, viviam em um bairro na divisa entre Sumaré e a Hortolândia, pagando R$ 800 de aluguel. “A gente passa algumas desventuras aqui, quando chove é lama, mas no geral é bom viver aqui. Não seria fácil ter que voltar a pagar aluguel. Com esta crise, eu acabei sendo mandado embora do emprego e agora ganho bem menos. Se eu tivesse que pagar R$ 800 de aluguel novamente, minha família não comeria”, lamentou. Maria Francisca de Lima, de 47 anos, dona de um bar na ocupação, mora sozinha na Vila Soma. Ela pagava R$ 680 de aluguel, valor que consumia a maior parte de sua renda. “Aqui a gente vive bem, somos todos amigos, batalhamos juntos pelo mesmo objetivo, que é o direito à moradia. A gente só quer a nossa moradia. Não queremos nada de graça. Queremos viver em paz, tranquilos”.
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