A peça publicitária, paga com dinheiro público, foi produzida em comemoração ao mês do Dia do Marinheiro e compara pessoas em momentos de lazer com militares trabalhando duro e sob pressão.
Por Redação – de Brasília
Ao divulgar, na noite passada, um vídeo considerado ‘desastroso’ por inúmeros segmentos da sociedade civil, a Marinha do Brasil questiona a ideia de que os militares são privilegiados e sugere que os trabalhadores brasileiros vivem de férias. A publicação do filme publicitário ocorre poucos dias após o governo federal anunciar um pacote de corte de gastos, que inclui as Forças Armadas.
A peça publicitária, paga com dinheiro público, foi produzida em comemoração ao mês do Dia do Marinheiro e compara pessoas em momentos de lazer com militares trabalhando duro e sob pressão. No fim, uma militar questiona:
— Privilégios? Vem para a Marinha.
Assista ao vídeo:
Na direita
Diante dos disparates, o professor universitário Piero Leirner escreveu em uma rede social: “Para a Marinha, não existe classe trabalhadora. Os civis são um bando de turistas no Brasil, enquanto eles fazem tudo”.
Mesmo na ponta mais extremada das forças de direita, o filme gerou críticas, a começar pelo fundador do partido Novo, João Amoêdo, que utilizou sua conta em uma rede social para criticar duramente a produção.
“Esse vídeo da Marinha para pressionar o governo contra cortes de privilégios e valorizar a instituição tem para mim o efeito contrário. Deveriam exclui-lo o quanto antes e pedir desculpas aos brasileiros que trabalham muito para pagar todas as contas públicas, inclusive da realização desse vídeo”, escreveu Amoêdo.
Na esquerda
No campo da esquerda, o jornalista e professor de Relações Internacionais Gilberto Maringoni manifestou indignação nas redes sociais, classificando o vídeo como uma ameaça velada à democracia.
“A Marinha exibe dentes em disparatado vídeo divulgado domingo. A peça mostra que militares têm vida dura enquanto civis vivem em vadiagens sem fim. Tudo na estética realismo-gorila, a rosnar ameaças. Ou o poder civil enquadra essa gente, ou a democracia pagará o preço da omissão”, resumiu Maringoni.