O professor de direito internacional Paulo Borba Casella, do Grupo de Estudos sobre o BRICS (GeBRICS) da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou que um dos desafios para a Presidência do bloco é o de criar uma dinâmica para o BRICS expandido.
Por Redação, com ABr – de Brasília
O Brasil assumiu nesta quarta-feira, pela quarta vez, a Presidência rotativa do BRICS em meio a expansão do bloco. Em 2025, o bloco contará com ao menos nove novos membros. Reforma da governança global e desenvolvimento sustentável com inclusão social são algumas das agendas que o Brasil buscará promover.
Com o lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, o governo brasileiro tem, entre os desafios, o de articular a participação dos novos membros e dar continuidade à construção do sistema de pagamento com moedas locais no comércio entre os países, substituindo o dólar.
Neste início de 2025, ao menos nove países ingressam no grupo como membros. Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão foram confirmados pela Rússia como novos membros, informou a agência russa de notícias Tass. A Rússia ocupou a presidência do BRICS em 2024.
Dinâmica
O professor de direito internacional Paulo Borba Casella, do Grupo de Estudos sobre o BRICS (GeBRICS) da Universidade de São Paulo (USP), ressaltou que um dos desafios para a Presidência do bloco é o de criar uma dinâmica para o BRICS expandido.
— Há mais de uma centena de grupos de trabalho em áreas das mais diversas. Será preciso ver como o Brasil consegue ajudar a fazer funcionar o BRICS na sua nova configuração, com dez estados e com mais uma dúzia de estados associados. Que maneira isso vai operar? Ainda ninguém viu e ninguém sabe — pontuou.
Ao todo, 13 países foram convidados para participar do BRICS. Espera-se ainda que Nigéria, Turquia, Argélia e Indonésia confirmem a participação. A inclusão de novos membros foi definida em outubro de 2024, na 16ª cúpula do BRICS, em Kazan, na Rússia, quando foi criada a nova categoria de parceiros do bloco.
Trump
A iniciativa de substituir o dólar por moedas locais levou o presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, a ameaçar as nações que abandonarem a moeda norte-americana por meio de aumento da taxação dos produtos desses países.
Para o professor da USP, Paulo Borba Casella, Trump não tem condições de impor tarifas a todos os países do BRICS sem prejudicar a economia dos EUA.
— Ele joga para o eleitorado interno para tentar mostrar uma posição, mas é uma bobagem porque o sistema internacional não funciona só com ameaças — concluiu.