De acordo com a teoria, quando um fluxo de partículas carregadas, conhecido como vento solar, atinge a superfície lunar, ele desencadeia uma reação química que poderia gerar moléculas de água.
Por Redação, com Europa Press – de Washington
Uma simulação de laboratório realizada pela Nasa confirma a previsão feita há 60 anos de que o Sol é a fonte dos componentes que formam a água presente na Lua.

De acordo com a teoria, quando um fluxo de partículas carregadas, conhecido como vento solar, atinge a superfície lunar, ele desencadeia uma reação química que poderia gerar moléculas de água.
A descoberta, escreveram os pesquisadores em um artigo publicado na revista JGR Planets, tem implicações para as operações dos astronautas da Artemis da Nasa no Polo Sul da Lua. Acredita-se que grande parte da água da Lua, um recurso crucial para a exploração, esteja congelada em regiões permanentemente sombreadas nos polos.
Criar água
– O interessante é que, apenas com o solo lunar e um bloco de construção do Sol, que está sempre liberando hidrogênio, existe a possibilidade de criar água – disse Li Hsia Yeo, pesquisador do Goddard Space Flight Center da Nasa em Greenbelt, Maryland, em um comunicado. “É incrível pensar nisso”, disse Yeo, que liderou o estudo.
O vento solar flui constantemente do Sol. Ele é composto principalmente de prótons, que são os núcleos dos átomos de hidrogênio que perderam seus elétrons. Viajando a mais de um milhão de milhas por hora, o vento solar banha todo o sistema solar. Vemos evidências dele na Terra quando ele ilumina nosso céu em exibições aurorais.
Sinal espectral
As medições da espaçonave já haviam sugerido que o vento solar é o principal condutor de água, ou de seus componentes, na superfície lunar. Uma pista importante, confirmada pelo experimento da equipe de Yeo: o sinal espectral relacionado à água da Lua muda ao longo do dia.
Em algumas regiões, ele é mais intenso nas manhãs mais frias e desaparece à medida que a superfície se aquece, provavelmente porque as moléculas de água e hidrogênio se movem ou escapam para o espaço. À medida que a superfície esfria novamente à noite, o sinal atinge seu pico. Esse ciclo diário aponta para uma fonte ativa, provavelmente o vento solar – que reabastece pequenas quantidades de água na Lua todos os dias.
Para testar se isso é verdade, Yeo e seu colega Jason McLain, um cientista pesquisador da Nasa Goddard, construíram um aparelho personalizado para examinar amostras lunares da Apollo. Pela primeira vez, o aparelho abrigou todos os componentes do experimento em seu interior: um dispositivo de feixe de partículas solares, uma câmara sem ar que simulava o ambiente lunar e um detector de moléculas. Sua invenção permitiu que os pesquisadores evitassem ter que remover a amostra da câmara, como acontecia em outros experimentos, e expô-la à contaminação por água do ar.
– Projetar os componentes do aparato e fazer com que todos se encaixassem levou muito tempo e muitas iterações – disse McLain, “mas valeu a pena, porque depois de eliminarmos todas as possíveis fontes de contaminação, descobrimos que essa ideia de décadas sobre o vento solar é verdadeira.”
Apollo 17
Usando a poeira de duas amostras diferentes coletadas na Lua pelos astronautas da Apollo 17 da Nasa em 1972, Yeo e seus colegas primeiro assaram as amostras para remover qualquer possível água que pudesse ter sido coletada entre o armazenamento hermético na instalação de preservação de amostras espaciais da Nasa no Johnson Space Center da Nasa em Houston e o laboratório Goddard. Em seguida, eles usaram um minúsculo acelerador de partículas para bombardear a poeira com vento solar simulado por vários dias, o equivalente a 80 mil anos na Lua, com base na alta dose de partículas usadas.
Eles usaram um detector chamado espectrômetro para medir a quantidade de luz refletida pelas moléculas de poeira, o que mostrou como a composição química das amostras mudou ao longo do tempo.
No final, a equipe observou uma diminuição no sinal de luz refletido pelo detector precisamente no ponto da região infravermelha do espectro eletromagnético (próximo a 3 mícrons), onde a água tende a absorver energia, deixando um sinal revelador.