A ONU e outras organizações humanitárias rejeitaram o novo sistema, alegando que não será capaz de satisfazer as necessidades dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
Por Redação, com Lusa – de Gaza
As Nações Unidas acusaram nesta quarta-feira militares israelenses de alvejar multidão que invadiu um centro de distribuição de ajuda humanitária em Gaza, deixando 47 feridos.

Na terça-feira, multidões de palestinos invadiram novo centro de distribuição de ajuda humanitária, criado por uma fundação apoiada por Israel e pelos Estados Unidos. Um jornalista da agência norte-americana de notícias Associated Press (AP) ouviu disparos de tanques e armas israelenses e viu um helicóptero militar disparando sinalizadores.
O chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU para os Territórios Palestinos, Ajith Sunghay, afirmou que a maior parte dos feridos foi atingida pelo fogo do Exército israelense.
O centro de distribuição nos arredores da cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, foi inaugurado na segunda-feira pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), registrada nos Estados Unidos, que foi designada por Israel para assumir as operações de ajuda.
A ONU e outras organizações humanitárias rejeitaram o novo sistema, alegando que não será capaz de satisfazer as necessidades dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza e permite que Israel utilize os alimentos como arma para controlar a população. Alertaram ainda para o risco de atrito entre as tropas israelenses e as pessoas que procuram mantimentos.
Os palestinos estão desesperados por comida, depois de quase três meses do fechamento das fronteiras pelos israelenses.
Israel
Israel afirma ter contribuído para estabelecer o novo mecanismo de ajuda a fim de impedir o Hamas de desviar os mantimentos, mas não apresentou provas de desvio sistemático. As agências da ONU dizem ter mecanismos para impedir o desvio de comida e outros suprimentos.
A GHF informou que estabeleceu quatro centros, dois dos quais já começaram a funcionar. Estão protegidos por empresas de segurança privada e têm vedações de arame que conduzem os palestinos para o que se assemelha a bases militares rodeadas por grandes barreiras de areia.
Frisou que seus seguranças não dispararam contra a multidão, recuando antes de retomar as operações.
As forças israelenses estão nas proximidades, o que Israel chama de corredor Morag, uma zona militar que separa a cidade de Rafah, no sul, que está agora praticamente desabitada, do resto do território.
A ONU e outros grupos humanitários recusaram-se a participar no sistema da GHF, alegando que viola os princípios humanitários. Afirmam que pode ser utilizado por Israel para deslocar a população à força, exigindo que se mudem para perto dos poucos centros de distribuição ou enfrentem a fome, uma violação do direito internacional.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que “houve perda momentânea de controle” no ponto de distribuição. “Felizmente, conseguimos controlá-lo”.
Reafirmou que Israel planeja mover toda a população de Gaza para uma “área isolada” no extremo sul do território, enquanto as tropas combatem o Hamas em outros locais.