Segundo justificativa do governo de Justin Trudeau ao diário canadense The Globe and Mail, a divulgação desses nomes poderia ser usada pela Rússia para fortalecer sua “narrativa” no conflito com a Ucrânia.
Por Redação, com agências internacionais – de Montreal e São Paulo
Pelas contas da Organização das Nações Unidas, a propagação de células neonazistas no Brasil só não é menor do que no Canadá, onde contam com a recomendação de departamentos do governo canadense. Cerca de 900 criminosos de guerra nazistas, que se estabeleceram no Canadá após a II Segunda Guerra Mundial, permanecem incógnitos, muitos em atividade ainda na formação de fanáticos de ultradireita.
Segundo justificativa do governo de Justin Trudeau ao diário canadense The Globe and Mail, a divulgação desses nomes poderia ser usada pela Rússia para fortalecer sua “narrativa” no conflito com a Ucrânia; e também colocar em risco a segurança de ex-integrantes da SS nazista, sobreviventes da II Guerra e seus familiares, que vivem no país.
No início deste mês, a Biblioteca e Arquivos do Canadá (LAC) recusou-se a liberar um relatório confidencial que contém os nomes desses criminosos de guerra nazistas, apesar das solicitações de acesso à informação feitas pelo The Globe and Mail e pela organização judaica B’nai Brith. A recusa foi justificada pelo receio de que a revelação do conteúdo fosse usada para supostamente manipular a opinião pública global e prejudicar a posição da Ucrânia na disputa geopolítica atual.
Sul nazista
Embora os criminosos nazistas não tenham o conforto do apoio governamental para se manter invisíveis, no Brasil, o número de neonazistas cresceu exponencialmente durante os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro (PL). Tanto, a ponto de o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) — uma instância relacionada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania — emitiu um alerta à Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o surgimento de movimentos extremistas.
Conforme alertado pelo CNDH, há um “alarmante cenário de crescimento” de grupos do tipo, “com aumento do discurso de ódio especialmente direcionado às mulheres, à população negra e à população LGBTQIAP+”. A ideia é que, com o alerta, a situação do Brasil possa ser incluída em um relatório sobre reformas contemporâneas de racismo, que vem sendo elaborado pelas Nações Unidas.
No Sul do Brasil, uma região bastante preocupante nessa questão, são mencionados vários casos de grupos neonazistas registrados no Estado de Santa Catarina, incluindo de um grupo que vendia artefatos com essas simbologias e ideais. Na última terça-feira, um desses militantes morreu ao tentar atirar uma bomba contra o Supremo Tribunal Federal (STF), depois de acionar uma série de artefatos explosivos no entorno da Praça dos Três Poderes, em Brasília.