Síria prossegue com campanha contra EI após retomada de Palmira

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Publicado segunda-feira, 28 de março de 2016 as 10:43, por: CdB

Houve confrontos ao nordeste de Palmira entre o grupo sunita extremista e forças aliadas ao governo, com auxílio de ataques aéreos sírios e russos

Por Redação, com agências internacionais – de Beirute/Damasco:

Forças do governo da Síria, apoiadas por ataques aéreos da Rússia, combateram insurgentes do Estado Islâmico nos arredores de Palmira nesta segunda-feira, tentando ampliar seus avanços após retomarem o controle de uma cidade cujos templos antigos foram dinamitados pelos militantes radicais.

A perda de Palmira no domingo representou um dos maiores reveses do grupo jihadista desde que este declarou um califado em 2014 em grandes porções de território da Síria e do Iraque.

Destroços em museu na cidade história de Palmira, Síria
Destroços em museu na cidade história de Palmira, Síria

O Exército sírio disse que a cidade, que abriga algumas das maiores ruínas do Império Romano, irá se tornar uma “plataforma” de operações contra bastiões do Estado Islâmico nas cidades de Raqqa e Deir al-Zor, que ficam mais para o leste ao longo de uma vasta região desértica.

A mídia estatal da Síria afirmou nesta segunda-feira que o aeroporto militar de Palmira está aberto para o tráfego aéreo agora que o Exército livrou a área circundante de combatentes do Estado Islâmico.

Houve confrontos ao nordeste de Palmira entre o grupo sunita extremista e forças aliadas ao governo, com auxílio de ataques aéreos sírios e russos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que monitora a guerra com uma série de fontes no terreno.

Os bombardeios, que se acredita terem sido russos, também visaram a estrada que parte de Palmira em direção ao leste e leva a Deir al-Zor, afirmou a entidade.

Embora a maior parte da força do Estado Islâmico tenha fugido de Palmira no domingo, ainda há alguns militantes na localidade, disse o Observatório. Seu diretor, Rami Abdulrahman, ainda relatou que a maioria dos moradores fugiu antes da ofensiva governamental e que não ouviu falar de mortes de civis.

No domingo foram ouvidas seis explosões, desencadeadas pelo grupo radical dentro da cidade e em suas cercanias com três carros-bomba. Três militantes com cinturões de explosivos também se explodiram, infligindo baixas não especificadas entre forças do Exército e tropas aliadas, disse o Observatório.

A televisão estatal síria transmitiu imagens de dentro de Palmira, exibindo ruas vazias e edifícios severamente danificados.

Abdulrahman afirmou que até o momento se sabe da morte de 417 combatentes do Estado Islâmico durante a campanha de reconquista de Palmira, e de 194 pessoas do lado do governo sírio.

Restauração de monumentos

O diretor de Antiguidades e Museus da Síria afirmou nesta segunda-feira que serão necessários cinco anos para recuperar os monumentos destruídos ou danificados na cidade antiga de Palmira, ocupada durante dez meses pelo grupo radical Estado Islâmico.

– Se tivermos a aprovação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), precisaremos de cinco anos para restaurar os edifícios destruídos e danificados pelo Estado Islâmico – declarou Maamun Abdelkarim à agência France Presse, um dia depois de a cidade de Palmira (no centro do país) ter sido recuperada pelas forças pró-regime.

– Temos pessoal qualificado, o conhecimento e a investigação, precisamos obviamente do acordo da Unesco e poderemos começar as obras em um ano – adiantou.

Segundo Talal Al Barazi, governador da província de Homs, onde se localiza Palmira, o Exército sírio completou hoje a desativação de minas e explosivos colocados pelo grupo fundamentalista na área de monumentos da cidade.

– A área arqueológica já está limpa de minas e bombas deixadas pelos terroristas – declarou Barazi à agência espanhola EFE em conversa por telefone.

Além da cidade do século 18, que foi danificada nos combates, os jihadistas destruíram os templos de Bel e Baalshamin, o Arco do Triunfo, várias torres funerárias e o Leão de al-Lât.

A antiga cidade de Palmira com mais de 2 mil anos, apelidada de “pérola do deserto”, foi classificada como Patrimônio Mundial pela Unesco em 1980.

Talal Al Barazi adiantou que os engenheiros das Forças Armadas continuam a desativação de explosivos no interior da cidade, estimando que o trabalho em Palmira estará concluído dentro de dois dias”.

Uma vez garantida a segurança, começarão os trabalhos de reparação de serviços básicos como a água e a eletricidade, que deverão estar funcionando dentro de uma semana, disse ainda o governador de Homs.