Frei Henri atuou na condenação dos assassinos dos líderes sindicais João Canuto, morto em Rio Maria (PA) em 1985, e de seu sucessor, Expedito Ribeiro de Sousa, assassinado em 1991.
Frei Henri des Roziers (☆1930 ♱2017)
Por Redação - do Rio de Janeiro
Morreu em Paris, neste domingo, aos 87 anos, o frade dominicano Henri des Roziers. Frei Henri, como todos o conheciam no Norte do país, viveu no Brasil de 1979 a 2013. Formado em Direito, atuou como advogado pro bono publico da Comissão Pastoral da Terra, em Goiás e no Pará.
“Um homem de coragem e obstinado pela defesa dos pobres. Quando não havia advogados em número suficiente para analisar causas e processos de ameaças, assassinatos de sem-terra e processos contra grileiros, ele foi estudar Direito para advogar. De graça”, escreveu o jornalista Fábio Lau, em sua página de notícias, Conexão Jornalismo.
‘Terra na Terra’
Frei Henri atuou na condenação dos assassinos dos líderes sindicais João Canuto, morto em Rio Maria (PA) em 1985, e de seu sucessor, Expedito Ribeiro de Sousa, assassinado em 1991.
“Foi dele que ouvi a frase: ‘Terra no céu sabemos que teremos. Mas o que o homem exige é terra na Terra’. O dominicano frei Henri fez milagre em vida: sobreviveu décadas na capital da impunidade. Por defender os pequenos agricultores e os sem-terra do Pará, frei Henri foi ameaçado de morte na região de Xinguara (PA), onde residia, pelos fazendeiros locais. Na lista dos ‘marcados para morrer’ a sua cabeça valia R$ 100 mil. A da irmã Dorothy Stang, assassinada em 2005, R$ 50 mil”, acrescentou
O religioso católico recebeu, em 1994, a medalha da Legião de Honra da França; entre outros prêmios nacionais e internacionais por sua atuação na luta pela preservação dos direitos humanos. Problemas graves de saúde afetaram sua mobilidade e frei Henri, em 2013, voltou à capital francesa. Em 2016 a editora Du Cerf, de Paris, lançou o livro de Sabine Rousseau, ainda inédito no Brasil: “Apaixonado por justiça”. Na obra, ela retrata a vida de frei Henri des Roziers.