Rio de Janeiro, 05 de Maio de 2025

Encontro entre generais do Exército serve para acalmar os ânimos da tropa

Em tom decisivo, o encontro teve por objetivo unificar o discurso da tropa, diante da apreensão gerada pelas declarações de alguns generais do Exército. Parte deles defende, abertamente, uma intervenção militar no Brasil.

Quarta, 27 de Setembro de 2017 às 09:33, por: CdB

Em tom decisivo, o encontro teve por objetivo unificar o discurso da tropa, diante da apreensão gerada pelas declarações de alguns generais do Exército. Parte deles defende, abertamente, uma intervenção militar no Brasil.

 

Por Gilberto de Souza - do Rio de Janeiro

 

O Exército Brasileiro estaria longe de uma nova quartelada, embora uma parcela da ultradireita e setores isolados de partidos de esquerda tenham ventilado tal intenção, pelas redes sociais. Segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, junto a uma fonte ligada ao Comando Militar do Leste (CML), apesar do ambiente tenso, nas Forças Armadas, não haveria a pretensa disposição do Alto Comando do Exército em patrocinar uma intervenção armada, com o objetivo de “colocar ordem na casa”, conforme sugeriu o general Antonio Hamilton Mourão. A declaração ocorreu durante a reunião de uma loja maçônica, ligada à extrema direita, na Capital Federal.

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O comandante do Exército, general Villas Bôas reuniu seus generais, no Rio de Janeiro

As Forças Armadas, ainda segundo a fonte próxima ao generalato, que prefere permanecer anônima, estariam, de fato “preocupadas com os destinos do país”.

— A sensação de impunidade é muito grande. Vê-se o núcleo de um partido como o PMDB envolvido em denúncias graves e ainda presente na condução do governo. É algo inadmissível não apenas para os militares, mas para qualquer cidadão brasileiro. Mas se trata de uma questão civil, e as Forças Armadas têm plena consciência que não será por meio da força que o problema será equacionado — disse.

Generais na ativa

Na véspera, com a presença do Comandante-Militar do Leste e chefe do Estado-Maior, general Fernando Azevedo e Silva — cotado para substituir o general Eduardo Villas Bôas, no Comando do Exército — os comandantes de todas as regiões militares do país reuniram-se, na sede do CML, no Centro do Rio, para uma explanação direta, por parte dos seus superiores, sobre o momento político. A palestra teve cerca de uma hora e meia de duração.

Em tom decisivo, o encontro teve por objetivo unificar o discurso da tropa. Ocorreu diante da apreensão gerada pelas declarações de alguns generais que defendem, abertamente, uma intervenção militar no Brasil. O próprio general Villas Bôas, em uma rede social, afirmou que o objetivo do encontro foi passar uma orientação aos generais.

De acordo com aquela fonte, que teve conhecimento da pauta discorrida no CML, a maioria dos comandantes é contrária a “qualquer nova aventura” no campo político. E o encontro serviu para deter alguma iniciativa, nesse sentido; embora quem pense diferente não seja punido por isso, a exemplo do general Mourão. A reunião desta terça-feira é uma extensão, ampliada, do encontro realizado em Brasília, no início da semana.

Comando do Exército

Oficialmente, participaram da reunião no CML três ex-comandantes do Exército. Também, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nos dois mandatos do governo Lula (2003-2010), Jorge Félix. Em sua página, no Twitter, o comandante Villas Bôas também divulgou uma foto do auditório; embora o assunto não tenha sido publicado entre as notícias do setor de Comunicação Social do Comando do Exército. A agenda do comandante, na terça-feira, também não foi divulgada, publicamente.

Na página do CML, na internet, há somente um pequeno texto sobre a "recepção" ao comandante Villas Bôas. O início foi às 10h30 desta terça-feira. Segundo a publicação, participaram do encontro o chefe do Estado-Maior do Exército, general Fernando Azevedo e Silva; o chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, general Mauro Cesar Lourena Cid; e o comandante do CML, general Walter Souza Braga Netto, "acompanhados por demais oficiais generais da ativa".



De acordo com o CML, participaram além de Jorge Félix outros três ex-comandantes do Exército, hoje na reserva. Foram eles Carlos Tinoco Ribeiro Gomes, Gleuber Vieira e Enzo Martins Peri. O ex-ministro dos Transportes, general Rubens Bayma Denys também se fez presente, entre outros oficiais da reserva.

Nota à tropa



Na semana passada, o Centro de Comunicação Social do Exército divulgou uma nota, acerca das declarações de Mourão. O mesmo tom marcou o discurso de Villas Bôas aos generais.

Leia, adiante, a nota do Exército:

"1. O Exército Brasileiro é uma instituição comprometida com a consolidação da democracia em nosso país.


“2. O comandante do Exército é a autoridade responsável por expressar o posicionamento institucional da Força e tem se manifestado publicamente sobre os temas que considera relevantes.


“3. Em reunião ocorrida no dia de ontem (20 de setembro), o comandante do Exército apresentou ao Sr. Ministro da Defesa, Raul Jungmann, as circunstâncias do fato e as providências adotadas em relação ao episódio envolvendo o general Mourão, para assegurar a coesão, a hierarquia e a disciplina.


“4. O Comandante do Exército reafirma o compromisso da Instituição de servir à Nação Brasileira, com os olhos voltados para o futuro".

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