CPI da Petrobras: depoimento de delator é cancelado

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Publicado quarta-feira, 9 de setembro de 2015 as 12:05, por: CdB

Por Redação, com Agência Câmara – de Brasília:

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras havia marcado para a tarde desta quarta-feira o depoimento do empresário Ricardo Pessoa, apontado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal como o coordenador do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras. Porém, a CPI não obteve autorização do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), para que o empresário responda às perguntas dos deputados.

CPI da Petrobras
A Comissão Parlamentar de Inquérito cancelou o depoimento do empresário Ricardo Pessoa

A convocação foi decidida na sexta-feira, e o pedido de autorização foi formalizado no mesmo dia. Em razão dos feriados na segunda-feira, dia da Independência, e terça em Curitiba – feriado municipal em que se comemora a padroeira da cidade -, não houve tempo hábil para a resposta do juiz.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, na delação que embasou o pedido, Pessoa afirmou que repassou R$ 3,6 milhões para o PT, por meio de doações oficiais, entre 2010 e 2014. O dinheiro teria sido usado na campanha da presidente Dilma Rousseff. O empresário teria dito que repassou R$ 700 mil a José de Filippi Jr. (tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff) e R$ 2,9 milhões a João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT).

O empresário teria dito ainda que doou R$ 500 mil em 2010 a Mercadante, então candidato ao governo de São Paulo, e R$ 300 mil ao senador Aloysio Nunes Ferreira.

O PT afirma que as doações feitas por Pessoa foram declaradas à Justiça Federal e não tem relação com desvio de dinheiro da Petrobras. Mercadante e Nunes dizem o mesmo.

Em junho, a revista Veja informou que Pessoa teria mencionado 18 políticos como beneficiários de dinheiro desviado da Petrobras – denúncia não confirmada pela Justiça ou pelo Ministério Público.

Entre os nomes mencionados, estaria o do deputado Júlio Delgado, integrante da CPI e autor de um dos pedidos de convocação de Pessoa. Na época, o deputado disse que recebeu doações legais da UTC e anunciou que permaneceria na CPI até ter a oportunidade de interrogar o empresário.

Delgado protocolou documentos na CPI que, segundo ele, comprovam que as doações recebidas da UTC foram destinadas ao Diretório Estadual do PSB em Minas Gerais.

– Não recebi um centavo sequer desses recursos, todas as transferências estão declaradas à Justiça Eleitoral e disponíveis à consulta pública – afirmou o parlamentar.

Cartel

A UTC e a Constran (empresa do grupo de Ricardo Pessoa) celebraram contratos com a Petrobras no valor total de R$ 14,6 bilhões entre 2006 e 2014.

Segundo os delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, o dono da UTC coordenava as reuniões das empreiteiras que formavam o cartel. Pessoa foi denunciado por lavagem de dinheiro, corrupção e formação de organização criminosa.

De acordo com o Ministério Público, a empresa pagou propina a Paulo Roberto Costa por meio de duas empresas de fornecimento de tubos, conexões, mapeamento e estatísticas, a Sanko Sider e Sanko Serviços. Mário Andrade Bonilho, sócio e administrador da empresa Sanko-Sider, está sendo processado por corrupção e lavagem de dinheiro.

Júlio Camargo, executivo da empreiteira Toyo Setal que também fez acordo de delação premiada, informou que o presidente da UTC o ajudou a pagar propina para garantir um contrato junto à estatal. Pedro Barusco, ex-gerente de serviços da Petrobras, disse que a UTC pagou propinas relativas a contratos no valor total de R$ 1,2 bilhão.