A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro apresentou nesta quinta-feira o homem que confessou ter assassinado o casal de norte-americanos Todd e Michelle Staheli. Jossiel Conceição dos Santos, 20, foi preso na madrugada de quinta-feira durante uma tentativa de assalto. Jossiel disse tinha procurado a polícia por duas vezes com a intenção de se entregar, mas não encontrou o delegado.
O assassinato, segundo Jossiel dos Santos, foi motivado pelo tratamento racista que recebia da família Staheli. Mas a polícia do Rio ainda não considera esclarecida a motivação do crime. O acusado foi preso após tentar assaltar a casa do cônsul da Grécia no condomínio Porto dos Cabritos, onde também morava o executivo Staheli, que trabalhava para a Shell, e sua família.
Após a prisão, ele foi levado para a delegacia da Barra da Tijuca e confessou o crime.
- Toda a vez que eu estava trabalhando na casa do vizinho eles riam e zombavam de mim. Criei um ódio - disse o homem que foi apresentado pelo secretário Anthony Garotinho e pelo chefe da Polícia Civil do Estado, Álvaro Lins, nesta quinta-feira a jornalistas. Jossiel disse que também já havia sido chamado de ''crioulo'' por Todd Staheli.
Todd e Michelle Staheli foram assassinados no dia 30 de novembro de 2003. O casal foi encontrado pelo seu filho de 10 anos. O diretor para Gás e Energia da Shell morreu no local e a mulher dele chegou a ser socorrida, mas morreu, dias depois, no hospital Copa D'Or, em Copacabana.
A arma do crime foi um pé-de-cabra que desde 30 de novembro estava escondido em uma caixa de ferramenta no seu local de trabalho. Garotinho promoveu uma entrevista com o acusado na secretaria, mas as perguntas ficaram a cargo dele. O secretário quase não permitiu que a imprensa questionasse Jossiel e afirmou que ainda tem dúvidas com relação à motivação do crime.
- O crime está parcialmente esclarecido. Há um réu confesso, a arma foi identificada, mas com relação à motivação, vamos nos aprofundar. Ela não está esclarecida - disse o secretário.
A polícia desconfia que Jossiel pode ter contado com a ajuda de Alex Ferreira, que também trabalhava na casa vizinha. Ele será convocado a depor. Garotinho ainda não descartou a possibilidade do casal norte-americano ter sido assassinado por motivos profissionais e disse que ``essa linha ainda não foi abandonada''. Mas o acusado nega. ``Nunca recebi nenhuma proposta para matar ninguém'', disse.
CENA DO CRIME
Para entrar na casa dos Staheli, Jossiel pulou um muro da casa vizinha. Ele contou que entrou à 1h30 da madrugada e esperou a família que estava assistindo televisão se recolher para dormir. Ele entrou pela porta da cozinha, que estava entreaberta, e realizou o ataque entre 2h30 e 3h00 da madrugada. O acusado afirmou ainda que os primeiros golpes foram desferidos contra Todd Staheli e em seguida em sua mulher, que teria acordado com a agressão.
- Bati primeiro nele, bati devagar e me arrependi. Ela me viu e bati nela e depois nele. Eu ia matar só ele - disse, acrescentando que as vítimas não tiveram tempo de se defender e que não houve luta corporal - Foram três golpes nela e quatro nele - disse.
Ele acrescentou que praticamente não se sujou de sangue e que lavou as mãos ainda dentro da casa.