O mercado global de ações abre a semana diante de incertezas, depois que uma queda na Bolsa de Valores de Xangai e temores de uma desaceleração econômica levaram à maior baixa dos últimos quatro anos. Na sexta-feira, os índices caíram na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Investidores apontaram vários fatores - de um recém-implantado imposto na China ao novo sistema de hipotecas nos Estados Unidos. Segundo analistas, a volatilidade deve continuar.
- A curto prazo, os mercados devem continuar se mostrando fracos - disse James Chua, da Phillip Capital Management.
A queda da semana passada pode ter pego os investidores de surpresa, mas especialistas já vinham alertando para uma correção nos mercados. Muitas das principais Bolsas de Valores do mundo tinham subido para níveis apenas vistos na época da chamada "bolha pontocom", em 2000, despertando o temor de que algumas ações estariam supervalorizadas.
A Bolsa de Xangai, que detonou a baixa ao cair 9% na última terça-feira, teve o maior declínio da década. No fim de 2005, ela tinha mais que dobrado de valor. Ao mesmo tempo, houve cada vez mais sinais de que a economia dos Estados Unidos pode estar se desacelerando mais rapidamente do que se previa.
Na quarta-feira, o governo norte-americano disse que a economia do país cresceu 2,2% no último trimestre de 2006, abaixo dos 3,5% estimados anteriormente. Além disso, o ex-diretor do Federal Reserve (o Banco Central norte-americano), Alan Greenspan, só piorou os ânimos ao dizer que a economia norte-americana poderia entrar em recessão até o fim deste ano.
Analistas agora estão tentando adivinhar quando e onde ocorerá a maior queda do mercado. A grande dúvida é se este é o início de um ajuste de tendência de longo prazo ou se não passa de uma correção de curto prazo. Por enquanto, a maioria dos especialistas não está alarmada. Segundo eles, o crescimento mundial pode não ser tão forte quanto em 2006, mas isso não significa que ele será suspenso.
- Se a economia dos Estados Unidos está a caminho da recessão, alguém se esqueceu de avisar o consumidor norte-americano - disse Sal Guatieri, do BMO Financial Group.
Mesmo assim, os analistas admitem que há algumas nuvens negras no horizonte, como o enfraquecimento do mercado imobiliário nos Estados Unidos e o grande déficit orçamentário do país. Eles também apontam para o fato de, nos últimos anos, investidores terem tido acesso a dinheiro barato graças a baixas taxas de juros, o que os permitiu fazer empréstimos e investir em mercados mais arriscados.
Mas com os juros aumentando em todo o mundo, muitos desses investidores agora querem pagar o que devem e estão fazendo apostas mais seguras.
- Quando temos reviravoltas como esta recente, é praticamente impossível para os investidores se sentirem seguros, a não ser reduzindo riscos - disse Andrew Busch, da BMO Capital Markets.