Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2025

Vinhos franceses e o filme <i>Ratatouille</i>

Quarta, 08 de Agosto de 2007 às 09:28, por: CdB

Nada melhor que o inusitado, quando quebramos a rotina e obedecemos a voz do coração. Foi desse jeito que aceitei o agradável convite de minha filha Hannah, para assistir, em plena quinta-feira à tarde, o filme Ratatouille.

O desenho, cuja produção custou US$ 100 milhões, conta a história de um simpático ratinho francês chamado Remy que tem o sonho de se tornar um grande chefe de cozinha em Paris. Os animadores tiveram aulas de culinária e trouxeram para o filme todo o estilo e trejeitos dos chefes, detalhes imperdíveis aos olhos dos leigos, e encantadores para o entendimento do profissional de Enogastronomia (vinhos e alimentos).

A reprodução da cozinha é perfeita, com toda hierarquia e organização. A rotina é colocada de uma forma correta e a personalidade do profissional de cozinha é marcada pelo modo como se expressa através dos gestos com os olhos e mãos. É encantador.

Os vinhos citados no desenho são de Bordeaux. De certo modo essa região ainda parece um reino a parte do resto da França. Financeiramente segura, muito direcionada para investidores, é dominada por vinhedos rigorosamente bem tratados, dos quais um grande número pertence a seguradoras, bancos ou proprietários que vivem em Nova Iorque, Paris, Tóquio e outros locais.

Alguns vinhos são excepcionalmente bons e duradouros. Nessa região prevalecem as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc.

Em determinado momento do filme o Chef Skinner oferece a Linguini, (o humano que ajuda o ratinho), um Chateaux Latour 1961. Esse vinho da comuna de Pauillac é um dos vinhos Premiers Crus (primeiras escolhas), que faz parte da seleta Classificação Oficial de Médoc e Graves de 1855. Essa classificação foi feita pelo Sindicato dos Courtiers (corretores de vinho), para acompanhar as amostras que eram enviadas a Exposição Mundial de Paris. Desde a sua existência até hoje essa classificação sofreu apenas uma alteração e tem como referencial principalmente o preço que esses vinhos alcançam, já que o Chateaux Latour 1961 chega a custar US$ 17.425,00 a garrafa.

Pauillac é a terra natal da casta Cabernet Sauvignon, que no Latour tem maior percentual e gera um vinho potente, denso e consistente com perfume mineral que leva muito tempo para mostrar suas qualidades. Um vinho Gran Crus dessa região pode durar, conveniente guardado, mais de 40 anos.

O outro vinho que o Critico em Gastronomia, Anton Ego, escolhe para avaliar o mais novo chef do Restaurante Gusteau’s, é Le Cheval Blanc 1947 (que alcança o preço de US$ 112.907,85 a garrafa).  Vem da Região de Saint Emillion que tem seu próprio sistema de classificação revisto todas as décadas. Só os vinhos que o rótulo descreve como Gran Cru Classé, tem o mesmo nível que os Premiers Crus do Médoc e Graves 1855.

As videiras de excelência nessa região são a Merlot e a Cabernet Franc que ali atinge o seu auge, com vinhos mais robustos e nitidamente frutados. O Cheval Blanc é espetacular e sem dúvida o melhor de toda região. Ele tem 75% de Cabernet Franc sendo agradável desde os primeiros anos, com muita fruta e um potente bouquet (é o aroma que vem com o envelhecimento). Com o tempo ele vai ficando complexo, podendo ser bebido jovem, nesse caso 7 anos, porém é vinho de guarda e bem estocado revela superioridade.

O prato que fascinou o crítico no desenho é do sudoeste da França, na Região rochosa de Provença. A tradicional Ratatouille Provençal é uma refeição local muito simples. Tratam-se de um ensopado de pimentões verdes, vermelhos, amarelos, berinjela, abobrinha, tomates e cebola.
Na Provença empregam-se freqüentemente tomilho e alecrim como condimentos, o azeite de oliva também é um forte protagonista da culinária. Essa cozinha se identifica com a italiana e isso se explica geograficamente, pelo seu limite com a Itália, quando historicamente, uma vez no passado ela já fez parte do território italiano.

O Ratatouille tradicional pode ser servido que

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