Por José Inácio Werneck - Vinde a mim as criancinhas, disse Jesus, quando seus apóstolos as queriam afastar, como importurnas. Nos Estados Unidos, o Partido Republicano, estreitamente ligado à Igreja Evangélica, não quer ouvir as palavras do Senhor.
Os evangélicos americanos do Partido Republicano querem expulsar dos EUA todas a crianças imigrantes sem documentos
Vinde a mim as criancinhas, disse Jesus, quando seus apóstolos as queriam afastar, como importurnas.
Nos Estados Unidos, o Partido Republicano, estreitamente ligado à Igreja Evangélica, não quer ouvir as palavras do Senhor.
Barack Obama vive talvez a segunda maior crise de sua Presidência, só inferior à catástrofe financeira que herdou de George W. Bush, com o problema da imigração.
Há 52 mil crianças refugiadas nos Estados Unidos, vindas da América Central, procurando afastar-se da violência, da miséria e do abuso em suas nações.
Elas conseguiram entrar em grande parte como resultado de legislação passada ainda na Presidência de George W. Bush, com a intenção de colocá-las a salvo de traficantes, especialmente os sexuais.
Agora, sua presença torna-se o grande empecilho para que Obama possa convencer o Congresso a levar adiante uma reforma da questão imigratória.
O Partido Republicano se opõe firmemente à admissão de imigrantes sem documentos e à permanência no país do que aqui já se encontram.
A ideia de Obama era separar as duas questões, com uma anistia aos imigrantes ilegais que estão nos Estados Unidos há muitos anos, constituiram família e não se envolveram em contravenções ou crimes.
Ao mesmo tempo, reforçaria a vigilância na fronteira, para impedir a entrada de novos ilegais, ou ao menos diminuir drasticamente os seus números.
O governo vem propondo construir abrigos em diversos estados do país, para acolher as crianças sem documentos enquanto procura localizar parentes seus no país ou famílias que se disponham a acolhê-las.
Aí é que a porca torce o rabo. Ativistas republicanos, sobretudos os ligados ao Tea Party, tem aparecido em grande número (alguns deles até armados) em manifestações, exigindo que as crianças sejam imediatamente recambiadas aos seus países de origem.
São, em sua quase absoluta totalidade, manifestantes brancos. Basicamente, não querem “moreninhos” no país.
Para tanto, lançam mão de diversos argumentos, alegando que tais crianças são portadoras de “moléstias contagiosas” desconhecidas nos Estados Unidos.
O governo e as organizaçõe sociais tem exaustivamente procurado provar que as alegações não procedem.
Mas os manifestantes não se deixam convencer e são cada vez mais vociferantres.
Em questões como esta fica exposta a dualidade e até contradição dos elementos conservadores nos Estados Unidos. Eles são basicamente conservadores em questões religiosas, lutam contra o aborto, contra métodos anticoncepcionais, querem que orações sejam permitidas em escolas públicas, opõem-se ao ensino da Teoria da Evolução das Espécies, por considerarem que a Bíblia deve ser seguida ao pé da letra.
Mas quando se trata de mostrar caridade a crianças de países pobres... bem, a Bíblia é sagrada, mas não tanto.
José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. Cobriu Jogos Olímpicos e Copas do Mundo no exterior. Foi locutor, comentarista, colunista e supervisor da ESPN Internacional e ESPN do Brasil. Colabora com a Gazeta Esportiva. Escreveu Com Esperança no Coração sobre emigrantes brasileiros nos EUA e Sabor de Mar. É intérprete judicial em Bristol, no Connecticut, EUA, onde vive.Direto da Redação é editado pelo jornalista Rui Martins.
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