Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Uruguaios foram aos bancos e havia dinheiro para todo mundo

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Terça, 06 de Agosto de 2002 às 04:34, por: CdB

Milhares de uruguaios foram aos bancos do país sacar seus recursos, na segunda-feira, depois que as instituições reabriram suas portas. No momento da abertura (13h00 em Brasília), as filas davam voltas nos quarteirões e o centro de Montevidéu era policiado por cerca de 3 mil homens. A retirada do dinheiro, porém, tem sido pacífica e os uruguaios se mostram mais angustiados do que dispostos a realizar protestos. Segundo o presidente do Banco Central uruguaio, Julio De Brun, o sistema financeiro tem liquidez de US$ 300 milhões para bancar os saques que estão sendo efetuados nos bancos que abriram. Na fila em frente ao Banco República, o engenheiro eletrônico Felipe Monet, de 43 anos, explica o motivo de ir ao banco: "Estamos sendo motivados pelo medo. Com medo da instabilidade dos bancos, saquei toda a minha poupança de um banco estrangeiro e coloquei no República, acreditando que estava seguro", disse ele. O República é o equivalente ao Banco do Brasil para os uruguaios. Os bancos estatais vão devolver, sem limites, todos os depósitos que estão nas poupanças e nas contas correntes, mas não têm liquidez para fazer o mesmo com os investimentos de prazos fixos. Por isso, a oposição batizou a devolução destas aplicações, parceladas durante três anos ,de "corralito a la uruguaia". Mas o ministro da economia, Alejandro Atchugarry, insiste que não se trata de uma cópia do bloqueio de depósitos determinado, há sete meses, pelo governo argentino. Segundo ele, as diferenças estão na devolução dos depósitos em dólar e com correção monetária, além do fato de o feriado bancário, que durou quatro dias úteis, ter terminado com seis dos 22 bancos que atuam no país suspensos. "Aqui, não houve uma suspensão indiscriminada da devolução dos depósitos, mas apenas naqueles bancos que já não tinham liquidez", explicou. A aposentada argentina Hilda Hernandez, de 80 anos, chorava na fila do Banco República. "Eu trouxe meu dinheiro para cá porque sempre me falaram que este banco jamais quebraria", desabafou. "E agora o que eu e meu marido, que tem 77 anos, vamos fazer? Esperar três anos? Como, com esta idade?", A ajuda do governo americano, um empréstimo-ponte de US$ 1,5 bilhão, já está na conta do Banco Central do Uruguai. Mas o fato não impediu que outros bancos anunciassem que não aceitarão mais os cheques dos bancos que estão suspensos, os bancos Montevidéu, Caja Obrera, Comercial e de Crédito. Os donos destes bancos estão sendo processados e deverão se responsabilizar, sem a ajuda do governo, pela devolução dos depósitos. A ajuda que chegou pelo Tesouro americano faz parte de um pacote de ajuda de US$ 3,8 bilhões do FMI.

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