Uma tarde de anunciantes

A coluna foi ao cinema assistir a Farenheit 9/11, na sala 3 do São Luiz. Sobre o filme serão feitos poucos comentários abaixo. O que realmente chamou a atenção foi uma espécie de cinejornal moderno. Os cinejornais eram pequenos filmetes que mostravam notícias ou eventos e antecediam um longa-metragem em salas de exibição. Na época os telejornais ainda engatinhavam e não tinha aquele imediatismo da notícia que hoje é facilitado pela tecnologia. Por exemplo, a Copa da Suécia, em 58, só foi mostrada aqui semanas depois, em cinejornais, e até hoje são as únicas imagens que temos desse evento. Aliás, a maior vantagem do formato em relação ao VT era a qualidade da imagem (filmados em película, os filmetes tinham mais resolução do que o VT). Uma boa maneira de averiguar essa incrível diferença é assistir a Pelé eterno. As imagens das copas de 58 e 62 são muito superiores do que os jogos realizados nos anos 70 e filmados em videotape. 
 
Voltando ao São Luiz, antes de começar Farenheit, como qualquer outro filme, somos bombardeados com anúncios e trailers (os primeiros em proporção cada vez maior). E foi a partir de um anúncio que apareceu uma série de notícias (do dia), de diversas editorias. Era do portal Último segundo, que manteve a platéia ligeiramente atualizada, como acontecia com os cinejornais há décadas. Tudo muito rápido, claro. Em tempos de internet e TV, tudo tem que ser rápido e mastigado.
 
Enfim, antes de Farenheit, pôde-se ter uma vaga noção de como seria o formato nos dias de hoje. Claro que ali a intenção era anunciar o site mais do que dar as notícias de fato. Mas é mais ou menos assim que as coisas tem caminhado. Ah, Farenheit é ruim... manipulação barata e rasa. Como nos créditos finais, "faça alguma coisa - www.michaelmoore.com". O cinejornal anunciante pelo menos é mais honesto.