Líder dos tucanos na Câmara, o deputado Ricardo Tripoli disse que a bancada já se definiu na CCJ. Por maioria, vai votar pela admissibilidade da denúncia contra Temer.
Por Redação - de Brasília
Os principais líderes do PSDB reuniram-se, na noite passada, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Eles discutiram os rumos do partido diante da atual conjuntura política, mas não chegaram a uma conclusão. O único ponto que ficou claro é a determinação dos deputados tucanos de votar pela admissibilidade do processo contra o presidente de facto, Michel Temer. Mas, sem deixar os cargos no governo.
O senador e presidente em exercício do partido, Tasso Jereissati (CE), disse que não existe um consenso dentro no partido sobre permanecer, ou não, na equipe de Temer.
— O que eu estou observando é que o partido (PSDB) por si mesmo está desembarcando (do governo Temer). Isso ocorre independente do controle ou da minha vontade — disse Jereissati.
Reformas
Questionado se este fato poderia enfraquecer a posição do PSDB em relação à reforma trabalhista, que será votada nesta terça-feira, Jereissati negou.
— A reforma trabalhista nós vamos votar integralmente. Está resolvida e encerrada essa questão — disse.
Sobre a reforma da Previdência, porém, Jereissati está pessimista.
— No meio dessa crise, eu acho muito difícil votar uma reforma da Previdência no segundo semestre — prevê.
O senador José Serra também acredita que a Reforma da Previdência seja adiada devido à crise política.
— O avanço da reforma da Previdência tem dificuldade, porque ela tem que ser votada primeiro na Câmara. Já vinha andando devagar e agora com essa situação política, a tendência, a nosso ver, é que vá ser mais postergada ainda, porque não chegou sequer ao Senado. É diferente da reforma trabalhista — disse.
Na CCJ
O presidente interino do partido disse que o PSDB está acompanhando as notícias e a votação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Refere-se à denúncia do procurador da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer.
— Estamos acompanhando. Nós tivemos a notícia da CCJ. Notícias desencontradas. Parece que vai ser votado na quinta-feira, e nós vamos acompanhar de perto essa votação — disse Jereissati.
Líder da bancada do PSDB na Câmara, o deputado Ricardo Tripoli, disse que a bancada já se definiu na CCJ. Por maioria, vai votar pela admissibilidade da denúncia contra Temer.
— Foi uma solução da bancada, deve se votar 5 a 2. Eu disse que eles votariam de acordo com a consciência de cada um — afirmou.
Mérito
Tripoli disse que há maioria também para votação no plenário.
— Na questão do plenário, nós vamos convidar a bancada, provavelmente amanhã ou depois em uma reunião, para definirmos a postura da bancada (em relação à admissibilidade). Há hoje uma maioria no sentido da admissibilidade. Eu não sei quantificar ainda, porque nós não tivemos a reunião — disse Trípoli.
Perguntado se isso não indica já uma ruptura com o governo Temer, o deputado respondeu que esta é ainda uma questão processual na CCJ e não é uma questão de mérito.
— Mérito é em plenário. Depois disso ainda vai para o Supremo (Tribunal Federal). Ou seja, nós temos aí um caminho a percorrer pela frente — acrescentou.
Em Agosto
O senador Tasso Jereissati disse que este é o momento de o partido fazer uma “grande reflexão sobre seu futuro”.
— O partido tem que se revisitar, como foi usado o termo, fazer uma reflexão sobre os seus erros, os erros que cometeu, onde não está mais conectado como nós queríamos com a população. (Queremos) fazer uma convenção, ou quem sabe, o mais cedo possível, eleger uma nova executiva, talvez em Agosto ainda, e discutirmos um novo programa — propõe.
Questionado sobre a saída de Aécio Neves do partido, ele disse que, nesta convenção a ser realizada, não haverá apenas a eleição de uma nova executiva, mas “vai haver também uma ampla discussão sobre o futuro do partido”.
Tucanos coligados
Anfitrião do encontro, o governador Geraldo Alckmin considerou a reunião “bastante proveitosa”. Ele disse ser importante que se discuta a questão da Executiva do partido. Idem o programa partidário, incluindo reformas macro e microeconômicas, reforma política, voto distrital misto, parlamentarismo; além de formas de se deixar as campanhas mais baratas, proibir coligação proporcional, entre outras.
Segundo Alckmin, deve ser discutido “um conjunto de propostas ousadas do PSDB para a sociedade”.
Sobre o apoio do partido ao governo Temer e às reformas, ele disse que a reunião não era para deliberar, porque não era uma reunião da executiva.
— Acho que vai ficando claro na consciência de todos os líderes qual o melhor caminho para o futuro — disse.
Questionado qual seria este caminho, o governador saiu sem responder.