Na reunião da Executiva Nacional do PSDB, nesta tarde, tendência é a de manter apoio a Temer
Por Redação - de Brasília
Embora a maioria dos eleitores do PSDB, 76%, tenham deixado claro que o partido deveria sair da base aliada ao governo Michel Temer, segundo pesquisa, a diretoria dos tucanos permanece no apoio ao peemedebista. A consulta foi realizada pelo centro de pesquisas Ideia/Big Data junto a 20 mil eleitores ou potenciais eleitores tucanos, durante o fim de semana.
Para Diego Casaes, coordenador de Campanhas da Avaaz, que encomendou a pesquisa, "os eleitores do PSDB estão enviando uma mensagem ensurdecedora aos seus líderes — abandonem Temer agora ou encarem uma debandada eleitoral em 2018. As pessoas estão fartas dos acordos obscuros e alianças tóxicas com este governo corrupto".
O estudo foi realizado após a petição #ForaTemer, na internet, que reuniu mais de meio milhão de assinaturas em apenas alguns dias. Exigem a saída imediata de Michel Temer e a convocação de eleições diretas.
— Queremos líderes que possam realmente inaugurar um novo capítulo para o país, o capítulo do Brasil Limpo — diz Casaes.
Sustentação
Ainda que tenha ficado clara a posição de seus eleitores, os principais líderes do Partido se fazem de surdos. Em troca de apoio às eleições de 2018 — que colocam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como vitorioso nas urnas, em qualquer cenário —, Geraldo Alckmin, Aécio Neves e João Doria trabalham pela sustentação do governo instituído após o golpe de Estado.
O PSDB, após a reunião de sua Executiva, nesta segunda-feira, tende a se manter no governo. A reportagem do Correio do Brasil apurou, junto aos principais assessores dos parlamentares que integram o encontro, ao longo do dia, que há um crescente movimento pela permanência na base do governo Temer.
A tendência se inverteu, ao longo dos últimos dias. Na semana passada a tese mais provável era a de se iniciar a revoada dos tucanos rumo às eleições indiretas, sob a liderança do senador Tasso Jereissati (CE), que preside a legenda. A cúpula do partido, porém passou a negociar, diretamente, com Michel Temer e, a pedido do ex-presidente FHC, o rompimento com o Palácio do Planalto está mais distante.
Dupla paulista
A pressão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que luta por sua sobrevivência política, e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, preocupado com as eleições presidenciais de 2018, contaram com a participação do prefeito de São Paulo, João Dória.
Auxiliares de Temer têm dito a jornalistas que as pretensões eleitorais de Alckmin e Doria favorecem um entendimento com Temer. Ambos também receiam que a saída do PSDB da base governista leve o partido automaticamente para a oposição. O movimento, dizem, favoreceria o PT.
Uma eventual saída do governo também poderia deixar o governador paulista isolado, politicamente, para 2018. Acreditam que seria possível manter Temer no Planalto, apesar da baixa popularidade. Esta seria, também, quase uma garantia de poder para os tucanos, pois sem eles o governo ficaria fragilizado e cairia, sem apoio no Congresso.
Novo recomeço
Próceres do PSDB acreditam, ainda, que a substituição de Temer, via eleição indireta no Congresso, poderia abrir caminho para Rodrigo Maia (DEM-RJ) ser candidato. Ele poderia permanecer no cargo de presidente, o que elevaria o peso político do DEM para 2018.
Até a manhã desta segunda-feira, Doria e Alckmin trabalhavam fortemente em favor de Temer dentro do PSDB. Nenhum deles, no entanto, quer se transformar em uma espécie de “credor” de uma figura rejeitada, publicamente. Temer encontra-se sob forte investigação no Supremo Tribunal Federal (STF). Alckmin e Dória até aceitam conceder um novo recomeço para Temer, mas estariam prontos a mudar de ideia, diante eventuais “fatos novos” e “decisões judiciais”, segundo disseram seus assessores.
Sem cortes
Temer estaria confiante que 172 deputados, no mínimo, o garantiriam no poder. Isso, caso o STF proponha que responda ao processo em que se encontra, na qualidade de réu. Este seria o número exigido, pela Constituição, para que a Câmara permita o julgamento do chefe de Estado.
Para garantir sua sobrevivência política, Temer decidiu, nesta manhã, que não há mais aquela “linha de corte”. Trata-se do limite definido para que seus ajudantes possam ser demitidos, uma vez denunciados por corrupção.
Frente à expectativa de que será denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) Temer se mobiliza. Estuda manter no governo, assim, aqueles que também deverão figurar na denúncia.
Temer havia estabelecido que previa o afastamento temporário de integrantes da Esplanada que fossem, formalmente, denunciados no STF.