Dizem que a História não se repete, mas o "juizeco" Sérgio Moro, da Lava Jato, virou o alvo de todos os bandidos da direita e esquerda brasileira e lembra Giovanni Falcone, das Mãos Limpas, em luta contra a Máfia italiana. Que a semelhança fique nisso!
Por Rui Martins, de Genebra:
Regresso do Brasil cabisbaixo, sem esperança e envergonhado. Meu vizinho me pergunta como está o Brasil, percebo assim ter acompanhado pela imprensa as notícias aqui publicadas, na Suíça, sobre o Brasil.
- Piorou, respondo . Mesmo porque não teria outra resposta para dar.
Tento explicar ser uma tragédia nacional envolvendo a direita, centro e a esquerda. Todos farinha do mesmo saco. Não sei se me entendeu, seria preciso sentarmos com tempo para se explicar como os dirigentes de um partido dito de esquerda, envolvido inicialmente numa questão de financiamento foram também se corrompendo com propinas destinadas ao enriquecimento pessoal e, como num câncer, acabaram todos ou quase todos se envolvendo, num sistema infeccioso de corrupção.
No início, as investigações pareciam só incriminar o Partido dos Trabalhadores praticamente todo contaminado por uma fulgurante metástase, que acabou por provocar a destituição da presidente Dilma Rousseff, a honesta, que nada viu, embora tivesse sido ministra de Minas e Energia, Chefe da Casa Civil e tivesse presidido o Conselho da Petrobras.
Mas tão logo se desinfetou o poder talhando-se na carne, revelaram-se novos setores e políticos infectados pela gangrena. Caiu Dilma e o PT mas, logo depois, chegou a vez do autor da queda de Dilma, ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e agora vai chegando a vez do presidente do Senado, Renan Calheiros, que esperneando consegue o milagre, ele que já conseguira o fatiamento da destituição de Dilma - a união de todos os bandidos contra o corajoso juiz que ousou denunciar os malfeitores e dar início a um novo conceito de ética na política brasileira.
Os mesmos ladinos enganadores de nossas ilusões por um Brasil melhor e mais justo, que ensinavam aos seus ingênuos, dóceis e cegos seguidores as palavras de ordem - Fora Gilmar, Fora Cunha, Fora Temer - agora se unem aos amigos-inimigos de sempre, com um novo slogan:
- Fora Moro!
Quem é Moro?
Como disse o presidente do Senado Renan Calheiros referindo-se ao juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, Moro também não passa de um juizeco de primeira instância, um juiz de provincia interiorana, longe dos grande centros políticos.
Se o PT quiser, desta vez unido com seus ex-inimigos agora cúmplices na tentaiva de salvar Lula, poderá, com o apoio de Cunha, Renan, Aloysio e todos os de rabo preso na Operação Lava Jato, liquidar Sérgio Moro como a Máfia italiana liquidou o juiz Giovanne Falcone em 1992.
E talvez isso aconteça.
Lula, Cunha, Renan, todos estarão salvos.
Perdido estará o Brasil.
Rui Martins é o editor do Direto da Redação.