Antes sorridente e vista em reuniões no Palácio, Marcela Temer estaria em depressão, junto com o marido, o presidente de facto, Michel Temer.
Por Redação - de Brasília
A ausência de Marcela, mulher do presidente de facto, Michel Temer, nos compromissos sociais e viagens ao exterior têm sido alvo de observações cada vez mais graves entre os convivas do casal. A cerca viva instalada à entrada do Palácio do Jaburu, nos últimos dias, teria sido uma recomendação da área de marketing do mandatário, para evitar fotos do ambiente depressivo que toma conta da moradia.
A jornalista Mônica Bergamo, colunista de um dos diários conservadores paulistanos, reparou que, nos últimos 45 dias, os dias têm sido mais pesados para o casal.
Baixo astral
"De acordo com um dos interlocutores mais frequentes do presidente, ele está 'abalado, preocupado e triste'", escreve a jornalista. "A tristeza seria agravada pela euforia que precedeu o escândalo da JBS. Temer chegou a dizer aos amigos mais íntimos que estaria no segundo turno da eleição presidencial de 2018. A família e inclusive a primeira-dama, Marcela Temer, também estariam no clima de baixo astral”.
Temer chegou ao poder no golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT), em Maio do ano passado. Desde então, o cenário tem sido cada vez pior para ele e seu grupo político. Delatado, investigado e prestes a se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF), Temer já passou para a História brasileira como o primeiro mandatário denunciado por corrupção. Nos últimos dias, ele e a mulher têm vividos momentos de profunda apatia.
Marcela Temer simplesmente desapareceu nas últimas semanas. Ela se mostrou muito abatida após a delação do marido, por Joesley Batista. Torna-se cada vez mais difícil esconder a depressão do casal, quando a cada novo dia, uma notícia pior atinge os inquilinos do poder.
Perspectiva negativa
Nesta segunda-feira, Temer acordou com a análise da agência de classificação de risco Moody’s que considera derrubar a nota de crédito brasileira, no cenário mundial. Pesa entre os economistas os resultados da denúncia contra Temer por corrupção passiva. Os novos fatos enfraquecem os planos do governo de aprovar uma reforma da Previdência abrangente.
A turbulência política resultante pode forçar Temer a diluir a proposta de reforma previdenciária. Ou aumentar os gastos para garantir o apoio do Congresso, disseram as analistas da Moody's Anna Snyder e Samar Maziad, acrescentando que esperam que o presidente conclua o mandato.
"Embora esperemos que a presidência do sr. Temer sobreviva, a formalização das acusações cria uma turbulência política adicional que reduz a capacidade de sua administração de conquistar a aprovação do Congresso de uma reforma abrangente da Previdência, pesando sobre as perspectivas fiscais e econômicas do Brasil", disse a Moody’s, em relatório.
A Moody's classifica a nota de crédito do Brasil em "Ba2", com perspectiva negativa.
Mais duas
As analistas avaliaram que se a reforma previdenciária não for aprovada neste ano, dificilmente será aprovada no ano que vem. Isso, por causa das eleições gerais em outubro de 2018.
"A aprovação em momento oportuno de um projeto abrangente de reforma da Previdência é um dos principais fatores da qualidade de crédito do Brasil", disse a Moody's.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou uma denúncia contra o presidente Temer por corrupção passiva. Tomou como base a delação premiada de executivos da JBS. A denúncia, contudo, somente pode ser recebida pelo STF caso seja autorizada pela Câmara dos Deputados.
A expectativa é que o procurador apresente mais duas denúncia contra Temer. Estas também terão que ser autorizadas por 342 votos na Câmara para serem avaliadas pelo STF.