Assegurados, haveria apenas 30 votos a favor de Temer, entre os 66 integrantes da comissão. Na pesquisa, 21 estariam indecisos e ameaçam votar contra o peemedebista.
Por Redação - de Brasília
Presidente de facto, Michel Temer seguiu, nesta terça-feira, em sua tentativa desesperada de escapar de um provável julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). As negociações com parlamentares para conseguir barrar a denúncia contra ele na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara ocupam toda a sua agenda. Ainda assim, aliados do governo por mais que refaçam as contas, constatam que o Planalto ainda não tem votos suficientes na Comissão.
Assegurados, haveria apenas 30 votos a favor de Temer, entre os 66 integrantes da comissão. Na pesquisa, 21 estariam indecisos e ameaçam votar contra o peemedebista. Temer precisa de 34 votos para garantir que a CCJ recomende o arquivamento da denúncia. Ainda assim, a matéria precisará ser votada em Plenário.
Perda do mandato
Os auxiliares de Temer acreditam que a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, braço-direito de Temer logo após o golpe de Estado, dificultam a interlocução com os deputados indecisos.
— A prisão logicamente traz mais uma instabilidade política, mais turbulência naquilo que a oposição deverá fazer durante toda a semana. Não podemos permitir que fatores externos possam ser utilizados na tentativa de trazer um tumulto ainda maior — disse o líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE).
O mapa de votos dos líderes governistas revela, no entanto, que o risco de traição a Temer é significativo nos partidos da base aliada. Mesmo entre aquelas legendas que detêm cargos no governo. Ao menos 5 dos 7 integrantes da CCJ indicados pelo PSDB, que comanda quatro ministérios, já anunciaram votos contra Temer.
Ponta solta
Sem nenhuma dúvida, a prisão de Geddel Vieira Lima elevou a toxidade da crise.
Por sua personalidade volátil, Geddel é visto como um delator em potencial. Uma vez preso, torna-se um pesadelo para o grupo político que assumiu o governo, após a queda da presidenta Dilma Rousseff (PT). Conhecido por ter ‘pavio curto’, Geddel foi levado a pedir demissão, após se envolver em um escândalo junto ao Ministério da Cultura. Ele exigia a liberação das obras em um edifício, em Salvador, onde havia comprado um apartamento de alto luxo.
O Planalto teme que uma delação de Geddel possa ter o efeito de uma pá de cal sobre Temer.
Prazo final
Mesmo diante do risco de ocorrer em meio a uma possível delação premiada de Vieira Lima, a denúncia contra Temer tende a entrar na pauta do Plenário da Câmara até o próximo dia 17. Será o último dia de atividades da Casa. A decisão foi tomada em reunião entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e líderes de bancadas, na noite passada. A reunião ocorreu na residência oficial de Maia.
Segundo o cronograma dos deputados, ficou definido que a defesa de Michel Temer será entregue já nesta quarta-feira. A leitura do parecer na Comissão de Constituição e Justiça seria realizada na segunda-feira da próxima semana. A votação na comissão deverá ocorrer dois dias depois, na quarta-feira.
Agenda lotada
Nesta terça-feira, a agenda pública de Michel Temer não deixava dúvidas quanto aos objetivos de seus encontros: escapar do STF. Temer promete nomeações em estatais e a liberação de verbas públicas. Tudo em troca de apoio para barrar da denúncia de corrupção feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Ao longo do dia, Temer passará 13 horas e 30 minutos reunido com articuladores políticos de diversos partidos. Caso as autoridades judiciárias entendam que esse movimento se trata, na verdade, de uma tentativa de obstrução da Justiça, no entanto, a situação do peemedebista junto ao STF pode se deteriorar de vez.