Núcleo da extrema-direita, que coordenou o golpe de Estado, acredita que a situação política é calma. Sem protestos ou quebra-quebras nas principais capitais do país, Temer segue no governo.
Por Redação - de São Paulo
Presidente de facto, Michel Temer já admitiu, nesta terça-feira, que seu governo poderá, em breve, aumentar as alíquotas do Imposto de Renda dos brasileiros. Embora seja uma das mais altas do mundo, o governo imposto no golpe de Estado em curso, há mais de um ano, pensa em elevar, ainda mais, o peso da principal taxação aos nacionais. Mas disse que não há, ainda, uma definição sobre o tema.
— São estudos que se fazem rotineiramente. A todo momento a Fazenda, o Planejamento, os setores da economia, eles fazem esses estudos e este é um dos estudos que está sendo feito; mas nada decidido — desconversou, ao ser perguntado por jornalistas se o governo considera aumentar as alíquotas do IR.
Mais impostos
Temer participou, nesta manhã, de um encontro com empresários, na capital paulista. No final da noite passada, a equipe econômica no poder deu sinais de que considera a criação de uma alíquota de IR de 30% a 35% para quem ganha acima de R$ 20 mil; além da tributação de lucros e dividendos, entre outras medidas, com o objetivo de aumentar a receita em 2018.
O governo enfrenta sérias dificuldades para equilibrar as contas públicas e há uma forte expectativa de que terá de alterar a meta fiscal deste ano. A medida teria por objetivo cobrir parte do maior déficit primário das últimas décadas. O desequilíbrio fiscal tende a superar os R$ 139 bilhões previstos até agora.
Em discurso no mesmo evento, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi de encontro as declarações de Temer. Disse que o Brasil não aguenta mais pagar impostos.
Aposentadorias
Ainda na capital paulista, Temer disse que há uma necessidade "imperiosa" de se aprovar a reforma da Previdência. Principalmente agora. Sem ela, afirmou, será "muito difícil enfrentar os próximos anos". Em discurso em evento do setor automotivo em São Paulo, Temer saiu em defesa do capitalismo. Ele disse ainda ter convicção de que o combate ao desemprego se dá "pelo incentivo à iniciativa privada".
O discurso ecoou em Brasília, onde o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), propôs que a Câmara dos Deputados vote o parecer aprovado na comissão especial que discutiu a reforma da Previdência. Em entrevista a jornalistas, o senador disse que o governo não deve “abrir mão” do relatório produzido pelo deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA).
A estimativa de governistas é que a votação possa ser retomada na Câmara a partir de setembro.